Uma sociedade que não leva a educação a sério vive de algumas ondas de interesse. No tempo do “milagre brasileiro”, pretendeu-se fazer com que todo brasileiro cursasse uma Universidade. Foi uma profusão de cursos, que não deixam de encobrir certa perversidade. Promete-se um futuro radioso e lança-se o bacharel no mercado superado e sem perspectivas.
Depois foi a onda da pré-escola. Desde a mais tenra idade, a criança tem direito a estar num ambiente propício ao desenvolvimento de suas aptidões. Constroem-se creches, atacam-se as filas de espera. Há quem propale que não existe criança sem vaga na pré-escola. E isso é muito bom.
No ensino fundamental, remanesce o problema da alfabetização. Onde as alfabetizadoras formadas pelo Curso Normal, cuja extinção foi um crime? As consultorias vendem projetos aos governos. E assim as coisas vão.
Só que ainda não chegou a hora do adolescente. Ele é a maior vítima do anacronismo de nossa escola. No ensino fundamental, a idade dos alunos ainda autoriza se acredite na manutenção da disciplina interna. Já no Ensino Médio, o adolescente percebe o fosso entre a escola e a vida. E não pactua com o que se escolheu para educá-lo. Desinteressa-se, não consegue manter atenção diante das aulas expositivas, que já não transmitem coisa alguma. Daí a evasão. Salas ociosas e os barzinhos das imediações sempre repletos.
Vive-se um dos mais contundentes ciclos schumpeterianos que a história já registrou. Uma destruição criativa que acaba com funções, profissões e empregos. A revolução no mercado de trabalho reclama aprendizagem contínua, ao longo de toda a vida útil da pessoa. O desenvolvimento de habilidades transferíveis como adaptabilidade, pensamento crítico, criatividade e capacidade de resolução de problemas. O investimento nas competências socioemocionais, nas habilidades negligenciadas pelos currículos totalmente divorciados da vida real.
Aprovou-se uma nova Lei para o Ensino Médio. A alegação de dificuldades superáveis fez com que a promessa fosse para o lixo. Os adolescentes já acreditavam pouco em governo. Têm razão para desacreditar ainda mais. Pobres educandos! Que futuro se lhes reserva?