Luiz José M. Salata Opinião

Possível restrição de novas cidadanias italianas

  O Ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, em recente  visita ao Brasil anunciou que o seu Partido Forza Itália apresentou projeto de lei na Câmara dos Deputados   que visa restringir  a emissão de novas concessões de cidadania italiana. O Ministro Tajani que é favorável a tal modificação a respeito de tais mudanças, que visam a garantia das novas regras pretendidas  a serem adaptadas em novo contexto, diferentemente do atual de 30 anos de vigência. Tal afirmação colocou em alerta milhares de brasileiros descendentes de famílias italianas, pois existe um número incalculável de pedidos em tramitação nos Consulados brasileiros, diretamente na Itália e no Poder Judiciário do país. Trata-se de um direito legal e certo dos pedidos e concessões de cidadania italiana aos descendentes de originados das vinte regiones italianas, ainda mais reafirmando que o Brasil é o país que mais detém imigrantes italianos e seus descendentes do mundo todo.

   Não se sabe distinguir sobre o ponto de vista defendido pelo Ministro das Relações Exteriores  Antonio Tajani,  Vice-Primeiro Ministro da Itália, ex-Presidente do Parlamento Europeu, Comissário Europeu, Vice-Presidente da Comissão Européia e Deputado da Câmara dos Deputados italiana. Como se vê, com larga e experiente carreira política, ainda mais com o exercício da profissão de jornalista enviado especial ao Líbano, União Soviética e Somália, Diretor do diário Il Giornale, em Roma, assim demonstrando possuir  larga vivência e experiência sobre os povos da Europa e outros, pois participou de muitos contatos que ensejariam admitir positivamente aos direitos pátrios. Mas, contrariamente a tais princípios, está favorável ao texto do Projeto de Lei nº 752, elaborado pelo senador italiano Roberto Menia, do mesmo partido do ministro,  que dispõe sobre a elevação das exigências para tais concessões, apenas pelo crescimento da busca da dupla nacionalidade. Visa o projeto a disposição de que a concessão da cidadania italiana, passaria a aceitar apenas os descendentes de terceira geração, ou seja os bisnetos. Além disso, o pretendente teria de comprovar conhecimento do idioma italiano em nível intermediário, bem como comprovar residência na Itália, pelo menos por um ano. Um absurdo às atuais e desde sempre  amáveis  considerações pelos italianos aos brasileiros, que mantém estreitos vínculos de parentesco e sentimentais entre si. Ainda mais, o saudoso Silvio Berlusconi, empresário e político de expressão, formador do partido Forza Italia, cujo nome foi dado ao Aeroporto de Malpensa, em Varese, na Província de Milão, entendemos que jamais aprovaria  tal aberração promovida por um membro de seu partido Forza Itália.

   Então, os italianos e brasileiros que são favoráveis à derrubada de tal inusitada proposta que certamente quebra as fortes e antigas relações fraternas ítalo-brasileiras, deverão se unir para, com os esclarecimentos sobre a imprópria e nociva proposta, combaterem com todos os meios próprios de tal iniciativa, através de demandas públicas, políticas e através dos meios de difusão. Vale dizer que, atualmente, as condições para o recebimento da cidadania italiana e do passaporte, depende da comprovação da origem italiana pelo antenato, mas não do conhecimento prévio da língua italiana, muito menos a moradia na Itália, apenas com a tramitação do pedido devidamente instruído com o cumprimento das formalidades nos Consulados brasileiros. Pelos levantamentos nos Consulados, a fila é enorme, mesmo porque resulta no grande número de imigrantes a partir de 1874, no Espírito Santo e daí nas regiões sudeste e sul do país, e na nossa cidade a partir de 1877, como largamente se constata a olhos vistos. Desse modo, é natural a procura para obtenção da cidadania e passaporte, como se constata entre os comentários de familiares e amigos e mais pelas pesquisas nos Consulados. Todavia, o subscritor toma liberdade de relatar fato desagradável ocorrido no inicio do mês de setembro, no aeroporto de Milão, com  uma brasileira com passaporte italiano  ao passar na chegada  pelo vigile, este com conversa cortês, indagou: … buongiorno, è brasiliana, si parla italiano, …. resposta, … (no) … o vigile: ma siccome ha il passaporto, la povera guardia della miseria, è venuto a fare una passeggiata?  ma come?   

    Constrangimento geral dos demais brasileiros da fila. No caso, não por ser dirigente da Brasilitália onde existe o Curso de Italiano há 50 anos, mas com a reflexão sobre o assunto é no sentido  de que tal exigência é procedente,  aliás igual aos pretendentes na busca da cidadania pelo fato de serem cônjuges, e não descendentes, com a exigência do cumprimento  pela aprovação na prova do B1, assim possibilitando a igualdade com o cônjuge. Pensando bem defendemos tal ponto de interpretação,  visando o aperfeiçoamento das relações. E viva a Itália e o Brasil.   

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