Gastronomia

Queijos brasileiros se destacam do Mundial na Suíça e movimentam agronegócio

Mais de 5 mil queijos de mais de 50 países participaram da competição
(Foto: Divulgação)

Entre as 50 medalhas conquistadas pelo Brasil no World Cheese Awards 2025 (WCA) – maior concurso de queijos do mundo – três foram conquistadas por um projeto de Toledo, no Oeste paranaense, que apoia pequenos produtores rurais. Competindo com mais de 5 mil queijos de mais de 50 países, o reconhecimento trouxe ainda mais visibilidade ao projeto paranaense que une inovação, capacitação rural e ciência aplicada.

Os premiados foram:

O Abaporu levou medalha de prata no World Cheese Awards. O queijo tem um tipo de massa mole de leite de vaca com casca lavada e maturação de mais de 30 dias, e se destacou pela mistura complexa e adocicada de baunilha, amêndoa, caramelo e especiarias como canela e cravo, com toques amadeirados e balsâmicos. O queijo estreou em setembro na competição do Mondial du Fromage, na França, em que garantiu a medalha de ouro. O produto será lançado em breve para comercialização pela queijaria Flor da Terra.

O queijo tipo Saint Marcellin, que também levou a Prata na competição, é um queijo comercial da Flor da Terra e já acumula medalhas: ele foi considerado um dos dez melhores queijos do Brasil em 2023 no concurso Queijos Brasil, e levou a prata no Mondial du Fromage 2025. Ele é inspirado nos sabores clássicos de queijos franceses, com uma textura macia e cremosa, sabor amanteigado, com nuances que remetem a cogumelos frescos e ervas.

O inédito Garoa Tropical foi bronze na competição. Pensado nas frutas cítricas, usadas antigamente para fazer a coagulação do queijo, o “garoa” traz as características de algumas enzimas específicas das frutas, que promovem sabor único e textura exclusiva. O queijo também será lançado em breve para comercialização pela queijaria Flor da Terra.

As três medalhas somam-se às dezenas de conquistas do Projeto de Queijos Finos do Biopark Educação, totalizando 72 medalhas em premiações nacionais e internacionais, além de cases de sucesso que chamam a atenção de investidores e formuladores de políticas públicas.

O projeto oferece consultoria integral gratuita aos pequenos produtores, desde análise do leite até desenvolvimento de identidade visual, rotulagem e acesso ao mercado. “Os produtores associados ao projeto recebem suporte técnico integral e gratuito, abrangendo desde a melhoria da qualidade do leite até a produção dos queijos, com transferência completa das tecnologias desenvolvidas no laboratório. Durante todo o período de participação, é realizado monitoramento contínuo dos padrões de qualidade, assegurando a manutenção das características e da excelência dos produtos desenvolvidos”, explica Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação, eleito o melhor queijeiro do Brasil.

Carolina Trombini, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, complementa: “O projeto também oferece orientação técnica para os investimentos em infraestrutura física das queijarias, com auxílio na escolha dos equipamentos e layouts mais adequados, de acordo com os objetivos e o porte de cada produtor. Além disso, há acompanhamento permanente para o fortalecimento técnico e gerencial dos negócios. São realizados encontros bimestrais que abordam temas práticos e estratégicos, como marketing digital, vendas, abertura de novos mercados e boas práticas de fabricação. Trata-se de um projeto completo: a partir do momento em que o produtor decide participar, ele passa a contar com suporte em todas as etapas desse novo empreendimento”.

Tradição com tecnologia

O projeto é resultado de uma coalizão estratégica entre o Biopark, o Biopark Educação, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR‑PR), o Sebrae/PR, o Sistema Faep/Senar e a Prefeitura de Toledo, consolidando uma rede colaborativa que promove inovação, qualificação técnica e valorização da produção local. Juntos, eles transformam a cadeia leiteira — setor estratégico no Paraná, segundo maior produtor do país — com uma lógica de diferenciação de mercado, valorização do terroir e acesso a certificações como SIM, SUSAF e SISBI.

Com base em diagnósticos técnicos, cada produtor recebe indicações personalizadas de tecnologia queijeira conforme as características do seu leite. A diversidade é prioridade: isso favorece o surgimento de um ecossistema competitivo e sinérgico — e a formação de uma Rota de Queijos Finos na região.

Resultados concretos e potencial de expansão

Em 2024, o queijo maturado Passionata, uma tecnologia do Projeto de Queijos Finos do Biopark e produzido pela Queijaria Flor da Terra (Toledo-PR), foi eleito o melhor da América Latina e o 9º melhor do mundo no World Cheese Awards 2024.

Hoje, o projeto Queijos Finos do Biopark conta com 27 produtores no Oeste do Paraná e planos de expansão estadual já em curso, com apoio do governo do Paraná. “Conseguimos criar um modelo escalável, com baixa barreira de entrada para os produtores, retorno rápido e forte apelo de marca. Ao mesmo tempo, servimos de referência de política integrada de desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação tecnológica no campo”, afirma Carmen Donaduzzi, idealizadora do projeto.

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