Editorial

Realidades diversas

    Os brasileiros ficaram mais endividados e mais inadimplentes, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com contas a vencer cresceu de 77,6% em abril para 78,2% em maio, a segunda alta consecutiva, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

   A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer no cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

   A proporção de consumidores que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas vencidas, ou seja, que permanecerão inadimplentes, aumentou de 12,4% em abril para 12,5% em maio. Essa parcela era de 12% em maio de 2024.

Além disso, a percepção da população sobre a economia do País é negativa, pois muitos brasi-leiros relatam dificuldades no poder de compra e no mercado de trabalho.

   Recente pesquisa da Genial/Quaest, de abril, apontou que a economia brasileira piorou nos últimos 12 meses, trazendo um impacto negativo para o bolso dos brasileiros. 81% dos entrevistados acreditam que o poder de compra no Brasil está menor do que um ano atrás. O levantamento também mostrou que as compras de mercado ficaram mais caras. Para 88% dos entrevistados, o preço dos produtos nos mercados subiu no último mês. Eram 83% em janeiro.

   Se a prévia da inflação oficial perde força pelo quarto mês consecutivo, ficando em 0,26% no mês de junho, de acordo com o IBGE (Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística), alguns ainda itens continuam pesando no bolso dos consumidores. O café moído (2,86%) e a cebola (9,54%) estão mais caros e as tarifas de energia elétrica são, novamente, as vilãs, com alta de 3,29% na conta de luz residencial. Já a alimentação fora do domicílio permanece mais cara, mas a alta de 0,55% representa uma perda de força em relação ao índice de maio (0,63%).

   Enquanto isso, o impostômetro instalado na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) indicou, na quinta (3), que os contribuintes brasileiros já pagaram R$ 2 trilhões de impostos em 2025, um aumento interanual equivalente a 11,1%.

   Como se isso não bastasse, como se tivesse alie-nado a realidade enfrentada pelo brasileiro, o Senado aprovou, no fim de junho, uma proposta de lei que aumenta de 513 para 531 o número de vagas para deputados federais, a partir de 2027. Medida essa que pode gerar um impacto de, pelo menos, R$ 95 milhões por ano. O texto foi aprovado com 41 votos favoráveis, o mínimo necessário.

   A medida ainda precisa ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porém, aliados o aconselharam a nem sancionar nem vetar o aumento. Caso isso se concretize, o Congresso Nacional assumirá a responsabilidade final pela medida e, evidentemente que, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), irá promulgá-la.

   Para contrapor ainda mais a realidade do brasileiro, o jornal O Estado de S.Paulo divulgou os gastos que o Brasil tem com ex-presidentes da República, cuja atual lei permite a cada ex-mandatário que sejam mantidos 8 funcionários e dois carros. De acordo com o levantamento, Jair Bolsonaro é o ex-presidente com maior custo à Presidência, nos últimos quatro anos. Em média, ele gerou gasto anual de R$ 1,7 milhão ao erário, após deixar o cargo. Na sequência, figuram Dilma Rousseff e Fernando Collor.

   Já no ABC, o que se vê, são políticos ostentando Porsche, calçando tênis da marca Ermenegildo Zegna, que custam a partir de R$ 10,5 mil, vestindo blusa de malha Prada, que é vendida a partir de R$ 14 mil, outros, fazendo viagens de luxo ao exterior, em plena fase de dólar passando da casa dos R$ 5,49 com toda a família e postando detalhes nas redes sociais. Alguns, no ano que vem, voltam a se apresentar como populares, abraçando o povão e frequentando a periferia, outros, ainda terão até 2028 para ostentar seja nas redes ou no offline.

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