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Recomeçando… Sempre!

22/02/14

Conversando com uma jovem amiga, que anda meio descrente da vida, comecei a relembrar minha vida para lhe dar um pouco de estímulo.
Ela disse que trilhando alguns caminhos, se esqueceu da profissão para a qual foi formada. E agora?
Tudo na vida é opcional. Depende de cada um de nós. Lembrei-lhe então de que quando eu casei, que dava aulas de música. Grávida, desisti da música. No decorrer da vida com três filhos, quando meu marido entrou na Faculdade de Direito de São Bernardo, amigas também seguiram essa nobre carreira. Insistiram para que eu também fizesse o curso. Optei por ser mãe, pois para mim, eu estaria perdendo o rumo da família.
Com grandes amigas e sócias tive um atelier de artesanato por quatro anos, quando fazíamos duas exposições por ano, expondo em uma edícula de minha casa, acompanhando as tardes dos artigos expostos com chás, cafés e bolos. Num tempo que a cidade ainda reunia os amigos da cidade, esses dias eram muito concorridos.
Dois anos depois, com outras três amigas “arteiras”, resolvemos inovar os enfeites de Natal com objetos decorativos para o dia mais lindo do ano. Éramos procuradas por lojas para lá expor nossas peças em dias anteriormente agendados convidando novamente os amigos da cidade. Quando os enfeites  chineses invadiram o país, resolvemos terminar o grupo, pois nossos enfeites artesanais não podiam concorrer em valores com os fabricados numa grande produção.
Com o câncer do seio, estando em tratamento, fiz um jantar comemorativo de aniversário só com patês. Foi a “Noite de Patês”. Ante a insistência dos amigos quanto as receitas das diferentes pastas, eu disse ao amigo Zé Carlos que iria escrever um livro e ele teria todas as receitas. No dia seguinte comecei a rabiscar… Uma pessoa amiga me desestimulou dizendo que eu nunca iria conseguir. Meu marido Theo disse: Se você acredita, vá em frente!
Quando tudo estava meio encaminhado, em 1987, veio meu câncer do fígado. Dr. Dráuzio calculou em seis meses minha expectativa de vida. Isso foi no mês de outubro. Outra médica disse que eu não chegaria até o Natal. Com meus tratamentos alternativos, paralelos a quimio, eu fui resistindo até que 12 anos depois, brincando, Dr. Dráuzio me dispensou com as palavras: Inacreditável… Inexplicável…
Parti novamente em busca do sonho de ver meu livro publicado. Escrevi muitas cartas para vários setores e as portas foram se abrindo. Assim o “Livro dos Patês” foi publicado pelo Círculo do Livro sendo por seis meses um dos 10 mais vendidos. Com o Círculo encerrando sua empresa o livro foi publicado pela Melhoramentos, estando até hoje sendo editado. Depois veio pela Nobel o “Cozinhando Entre Amigos”… Receitas, histórias, pensamentos… Um livro que homenageia a família e os amigos. Após, a Melhoramentos editou o livro “Receitas de Frangos e outras aves” e depois, “Receitas de Sanduíches”.  Estes dois esgotados.
Contei então para a jovem amiga que num ano em que a Melhoramentos atrasou meus direito autorais, o valor que me era devido no fim do ano dava para eu pagar um carro KA e meio. Isso tudo pelo meu trabalho anteriormente feito, pois depois, só vem o lucro. Não consegui saber quantos livros foram vendidos pelo Círculo e Nobel, mas pela Melhoramentos no ano passado foram mais de 103.000 exemplares.
Estimulei então minha jovem amiga a fazer uma análise do que ela pode fazer para recomeçar, pois ela tem muitos dons especiais que não está sabendo aproveitar.
Que essa matéria seja para que outros amigos despertem para a vida, pois enquanto nossos corações estiverem pulsando, sempre é tempo de nos encontrarmos…
Grande abraço, Didi

Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo – e-mail: dibelligh@yahoo.com.br