
Depois de transformar Hamlet em uma festa com muitos drinks e mais de 14 mil espectadores em um ano e meio de temporada, o projeto Shakespeare Embriagado chega à marca de 100 apresentações em outubro. Para comemorar, o elenco brinda o público com um novo desafio, levar a história de Romeu e Julieta para dentro do bar. A estreia acontece, nesta sexta (3) de outubro, às 20h30, no Bar Coringa Madá, na Vila Madalena, com sessões às sextas-feiras de outubro, sempre às 20h30.
Com direção de Dagoberto Feliz, a montagem traz no elenco Bruna Assis, Guilherme Tomé, Lívia Camargo, Michel Waisman e Robert Gomes, com direção musical de Fernando Zuben. A produção é da Benjamin Produções com coprodução Waisman Produções.
A proposta segue o mesmo espírito irreverente que conquistou o público, o clássico inglês encenado em um ambiente descontraído, onde improviso, interação direta com a plateia e doses de humor temperam o texto shakespeariano. Em cada noite, os atores bebem em cena, e entre tropeços e gargalhadas, o grupo mantém a missão de contar a história até o fim, ainda que o caminho seja imprevisível.
Para Dagoberto Feliz, a escolha do texto é natural. “Romeu e Julieta” ainda é uma das histórias mais conhecidas. Mesmo quem não domina a trama inteira reconhece o casal apaixonado e esse percurso de amor tido como impossível.”
Se em Hamlet a tragédia girava em torno da vingança, agora a chave é outra. “O processo criativo é relativamente próximo. Estudamos o texto, escolhemos as cenas que mais ajudam a contar a história e definimos o que vem diretamente do original, o que é improvisado em ensaio e o que nasce na hora. A diferença é que agora a provocação está em falar do amor, e não da vingança.”
O álcool, que se tornou marca registrada do projeto, mantém seu papel de catalisador da festa. “Ele é apenas o pretexto para a celebração que acontece entre elenco e público.”
Se o público já conhece a dinâmica, a novidade vem do jogo cênico. “A surpresa talvez seja na troca do poder. Em Hamlet a decisão da bebida estava nas mãos do rei escolhido na plateia. Em Romeu e Julieta o poder será dado a um casal apaixonado que, entre shots e beijos, comanda a história.”
O diretor ainda destaca um aspecto novo na encenação. “Desta vez o espetáculo é muito mais musical. Entrelaçamos o texto com canções de amor, o que cria novas camadas para as cenas.”
Para o ator Michel Waisman, responsável também pela produção da montagem, a estreia de Romeu e Julieta chega em um momento especial. “É até difícil de descrever o quanto essa conquista significa. Todo mundo sabe a dificuldade de se produzir e principalmente de se manter um projeto teatral. Agora, chegar nessa marca sem patrocínio, sem verba pública, realmente é um feito. Eu tenho mais de 20 anos de carreira e nunca fiz tantas apresentações por nenhum outro espetáculo. Ficar tanto tempo em cartaz, vivendo de bilheteria, significa que nosso trabalho valeu a pena. Esse é o reconhecimento que nós sempre buscamos enquanto artistas: o reconhecimento do público.”
Henrique Benjamin, produtor da montagem, ressalta que a escolha de Romeu e Julieta reforça a identidade do projeto. “A essência do texto de W. Shakespeare é sempre respeitada. Selecionamos os pontos-chave do enredo para que mesmo quem não conhece a obra entenda a história. Podemos encenar determinados momentos de maneira não ortodoxa, mas sem mudar a dramaturgia original.” Ele também celebra a marca de 100 apresentações: “É uma vitória! Um espetáculo sem patrocínio completar quase dois anos em cartaz, sempre com casa cheia, é uma realização pessoal e coletiva.”
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