Após obter autorização da Justiça Federal, o novo governo de São Bernardo realizou, nesta terça (25), a primeira inspeção nas obras do complexo idealizado – pela antiga gestão – para a construção de um Museu, denominado do Trabalho e do Trabalhador. Em dezembro do ano passado, o empreendimento foi alvo da Operação Hefesta, liderada da Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria-Geral da União (CGU), culminando na prisão temporária de dois ex-secretários de São Bernardo, por suspeita de práticas irregulares e crime de corrupção. Estima-se que cerca de R$ 7,9 milhões foram desviados do projeto.
Após o episódio, a obra foi embargada pela Justiça, que proibiu qualquer acesso a seu canteiro. “Vim conhecer o espaço para saber a real situação desta obra. Deu para perceber o tamanho do local e o volume de recursos que, em minha opinião, foi gasto de forma desnecessária, levando em consideração que a cidade possui outras prioridades. Porém, a obra está aí e meu objetivo é para buscar uma solução”, destacou o prefeito Orlando Morando, durante a vistoria.
Ao lado dos secretários de Obras, Luciano Eber, de Segurança Urbana, Carlos Alberto dos Santos, de Assuntos Jurídicos, Carlos Maciel, do diretor de Cultura, Adalberto Guazzelli, e do Procurador-Geral do Município, Luiz Mário, o chefe do Executivo conheceu as instalações do complexo e reiterou plano de alterar o projeto original, transformando o local em uma Fábrica de Cultura, programa do governo do Estado. A Prefeitura, no entanto, aguarda o trâmite legal e a definição sobre a finalidade do espaço para desenvolver um novo projeto.
“Vamos continuar trabalhando junto com a Justiça para exigir que, se existe uma dívida da construtora, que ela pague e termine a obra. Caso não seja possível, vamos pedir a liberação para desenvolver um novo projeto. O que não queremos é que esse espaço continue do jeito que está. Isso é o símbolo do desrespeito ao dinheiro público”, completou. A estimativa é que cerca de 62% da parte estrutural da obra já tenha sido concluída, faltando ainda toda a parte elétrica, de acabamento, sistema de ar-condicionado e proteção externa.
Segurança – Mesmo com a determinação de que a empresa responsável pela obra, a Construções e Incorporações CEI, responda pela segurança do local – hoje vulnerável a invasões –, a Prefeitura também passou a destacar uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) para vigilância do espaço. O intuito é evitar novas depredações e ocupações irregulares.
Histórico – O projeto de construção do Museu do Trabalho foi iniciado em São Bernardo no ano de 2012, com a promessa de conclusão para janeiro de 2013. Ao longo deste período, foram registrados inúmeros problemas, como abandono dos serviços por mais de um ano, o que resultou em um canteiro com focos de dengue e ponto de criminalidade. Paralelo a isto, o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar a presença de um eletricista desempregado no quadro societário da Construções e Incorporações CEI. Segundo a Junta Comercial, o funcionário possuía R$ 10,4 milhões em cotas da empresa.