O Hospital da Mulher de Santo André, em parceria com o Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), realizou, nessa semana, um mutirão de cirurgias uroginecológicas para 26 pacientes. Os procedimentos visam corrigir um problema bastante frequente nas mulheres atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município: a incontinência urinária.
Estima-se que uma em cada dez pacientes que passam em consulta com os ginecologistas nas unidades apresentam a mesma queixa. As cirurgias têm como diretriz protocolos de primeira linha adotados em serviços de referência de todo o país e do exterior.
O mutirão foi realizado, na quarta (8) e na quinta (9), e contou com a participação de 15 médicos, além das equipes de enfermagem e demais colaboradores de apoio. “Com essa ação já reduziremos a espera pelo procedimento em cerca de 50% no município. As demais cirurgias entrarão na programação do hospital e, muito em breve, conseguiremos zerar essa espera, seguindo no propósito de equalizar e humanizar os atendimentos”, explica o diretor geral da Rede de Atenção Hospitalar de Santo André, Victor Chiavegato.
“Hoje, são cerca de quatro cirurgias de rotina por semana, aproximadamente 20 por mês”, complementa o diretor técnico do Hospital da Mulher, José Kleber Kobol Machado.
Os atendimentos são realizados no Ambulatório de Uroginecologia do Hospital da Mulher, subespecialidade da Ginecologia que cuida dos distúrbios da função pélvica feminina (vagina, útero, reto e região perineal). Responsável pelo serviço, o professor da FMABC, Emerson de Oliveira, explica que a perda involuntária de urina é mais frequente entre as pacientes da terceira idade, especialmente no período da pós-menopausa. A maioria delas teve grande número de partos vaginais e apresenta sobrepeso ou obesidade, sendo estes os principais fatores de risco.
A técnica utilizada foi a com implante de “sling”, que consiste na colocação de uma fita abaixo da uretra, via vaginal, para aumentar a resistência uretral e reduzir a perda de urina.
“É uma doença crônica que começa com sintomas leves. A maioria, no entanto, despreza esses sinais por acreditar que é um problema que faz parte do envelhecimento. É um erro. Trata-se de uma disfunção importante, que prejudica muito a qualidade de vida dessas mulheres, o convívio social, as atividades diárias e o relacionamento com seus parceiros. O tratamento cirúrgico é uma das possibilidades terapêuticas e apresenta altas taxas de eficácia e segurança”, esclarece o docente, que é cirurgião uroginecológico.
Segundo o especialista, há dois tipos de incontinência urinária: de esforço e de urgência. A primeira ocorre quando há perda involuntária de urina ao tossir, espirrar ou realizar algum tipo de esforço. É o tipo mais comum e afeta entre 60% e 70% das mulheres com incontinência. Já a incontinência de urgência ocorre por conta da hiperatividade de bexiga. Nestes casos há uma inadiável e incontrolável necessidade súbita de urinar.
No Hospital da Mulher, a equipe do setor de Uroginecologia e Disfunções do Assoalho Pélvico do Centro Universitário FMABC realiza atendimentos ambulatoriais, estudos urodinâmicos e procedimentos cirúrgicos. O estudo urodinâmico é um exame que estuda o funcionamento da bexiga e é importante para a condução dos casos das pacientes que sofrem com a doença.
“Com o apoio do Hospital da Mulher, a equipe da FMABC foca no diagnóstico e tratamento da incontinência urinária de esforço. Além disso, alavancaremos os números de atendimentos ambulatoriais com a abertura de quatro agendas extras durante o mês, para as pacientes que estão em investigação de disfunções do assoalho pélvico. Isso ajudará muito a população do município de Santo André”, reforça Oliveira.