O setor de indústrias convive com o problema da falta de opção no transporte de cargas. Hoje, 99% das indústrias utilizam caminhões para transportar mercadorias. Há momentos ainda que as empresas recorrerem ao transporte aéreo (46%) e portuário (45%), além da navegação de cabotagem (13%) e hidrovias (12%). Os dados são da pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na terça (18). De acordo com o estudo, quase 40% das indústrias deixariam de usar as rodovias caso houvesse outro tipo de transporte em boas condições de estrutura e 28,5% afirmam que as ferrovias seriam a principal opção de escoamento da produção. Os principais motivos para a troca de modal seriam a redução dos custos e maior agilidade na entrega. Além de evitar problemas como roubo de cargas, más condições dos modais e má qualidade da frota. Para Mauro Miagutti, diretor titular do Ciesp São Bernardo, a pesquisa demonstra realidade e interesse. “O transporte sobre trilhos seria uma ótima alternativa. Porém, infelizmente, devido à falta de investimentos, não temos essa malha eficiente. Talvez seja uma prioridade no próximo governo”, afirma Miagutti.
O executivo cita o caso do Porto de Santos como exemplo no ABC. “Muito se fala em um transporte modal pra escoar os produtos para o Porto de Santos. Seja trilho ou cabo. Porém, não sai do discurso. Talvez por falta de interesse de outros setores, pois seria muito mais barato. Sem contar o transporte fluvial, que seria uma alternativa fantástica”, analisa Miagutti. Atualmente, somente 8% das indústrias transportam a produção usando as ferrovias e para 63% das empresas que participaram do estudo, o sistema ferroviário é regular, ruim ou péssimo. Segundo a entidade, atualmente, o país investe apenas 0,65% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura de transportes e seriam necessários investimentos de 2% do PIB para modernizar a estrutura logística do país e torná-la adequada ao escoamento interno de cargas e às exportações e importações.
Problemas -De acordo com a pesquisa, 73% dos entrevistados afirmam que o transporte é o principal problema enfrentado pelo setor, seguido pela energia (13%), saneamento (6%) e telecomunicações (5%). No transporte, a infraestrutura das estradas foi citada por 67% dos entrevistados como o principal gargalo logístico.