Negócios

Sicredi e Sebrae impulsionam empreendedorismo feminino com financiamentos por meio do Fampe

Brasil alcançou, em 2024, o número recorde de 10,3 milhões de mulheres empreendedoras (Foto: Divulgação)

O universo da beleza foi o ponto de partida da paraguaia Noelia Gecse, de 31 anos, para uma trajetória de protagonismo e transformação. Ex-doméstica e administradora rural, ela chegou ao Brasil em 2018 com o filho de seis anos nos braços, sem experiência formal e cheia de receios. Hoje, é referência em Serranópolis do Iguaçu (PR), onde comanda o Noelia Gecse Beauty Studio — um espaço que vai além dos serviços estéticos e se destaca como polo de capacitação e incentivo ao empreendedorismo feminino. A virada veio com o crédito de R$ 21,5 mil concedido pelo Sicredi, com garantia do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) — solução criada pelo Sebrae para apoiar negócios de pequeno porte que buscam se desenvolver com segurança e estrutura.

Com o apoio da instituição financeira cooperativa à qual é associada, Noelia reformou e ampliou o estúdio, contratou novas profissionais e transformou o espaço em um centro completo de beleza para mulheres da região. Hoje, oferece serviços de unhas, cabelo, maquiagem, estética e extensão de cílios. Também criou uma sala exclusiva para cursos, onde capacita mensalmente entre 4 e 18 alunas nas áreas de esmaltação e alongamento de unhas — e, em breve, também em maquiagem e cílios. “Ver outras mulheres se formando e gerando renda a partir dos cursos que ofereço é uma realização. Meu propósito é esse: ajudar outras mulheres a conquistar a independência financeira e alcançar o sucesso por meio de uma profissão que amo”, afirma Noelia.

A empresária é uma das milhares de empreendedoras brasileiras que encontraram, no Fampe Mulheres Empreendedoras, uma ponte entre o sonho e a realização. Lançado pelo Sebrae em 1995, o fundo funciona como garantidor complementar, permitindo que negócios sem garantias suficientes tenham acesso ao crédito com menos burocracia e mais segurança. Desde então, o Fampe já viabilizou mais de 584 mil operações de crédito até 2023, movimentando R$ 31 bilhões, dos quais R$ 23 bilhões foram garantidos diretamente pelo Sebrae.

Ao ultrapassar a marca de 9 milhões de associados no país — sendo 1,2 milhão de pessoas jurídicas, das quais 95% são micro, pequenas empresas ou MEIs —, o Sicredi reforça seu compromisso com a ampliação do acesso ao crédito para segmentos estratégicos da economia. Nesse contexto, em 2023, a instituição firmou parceria com o Sebrae para oferecer linhas de crédito com garantia do Fampe aos associados dos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. “Temos diversas histórias inspiradoras de empresas e empreendedores, como a Noelia, que acessaram crédito com o Sicredi utilizando o Fampe como garantia adicional. A linha está disponível para MEIs e microempresas que se enquadrem no programa, incluindo empreendedores do agro”, destaca o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ, Gilson Farias.

Empreendedorismo feminino

O caso de Noelia faz parte de um movimento em constante crescimento. Segundo levantamento do Sebrae, o Brasil alcançou, em 2024, o número recorde de 10,35 milhões de mulheres empreendedoras. Apesar do avanço, o caminho ainda é marcado por desafios: no empreendedorismo, as mulheres ganham, em média, 24,4% menos que os homens. A desigualdade é ainda mais acentuada entre mulheres negras, cuja renda é 47,5% inferior à das mulheres brancas. Iniciativas como o Fampe buscam reduzir essas barreiras, oferecendo crédito, capacitação e dignidade.

Ao multiplicar conhecimento e gerar oportunidades, Noelia contribui para um ciclo virtuoso de inclusão produtiva e desenvolvimento local, impactando diretamente outras mulheres da comunidade. Para o Sicredi, iniciativas como essa refletem o potencial transformador do crédito orientado quando aliado a programas como o Fampe. “Esses instrumentos permitem ampliar o alcance das soluções de crédito, principalmente entre empreendedores que têm potencial de crescimento, mas enfrentam restrições por falta de garantias. É uma forma de tornar o sistema financeiro mais acessível, inclusivo e conectado com a realidade de quem está na base da economia”, explica Gilson Farias.

“Com o apoio do Sicredi, consegui tirar meu projeto do papel e estruturar um negócio que hoje gera renda não só para mim, mas para outras mulheres da comunidade. Mais do que acesso ao crédito, encontrei uma relação de confiança e proximidade, que fez diferença em cada etapa do processo. Ter com quem contar nesse momento foi fundamental para que eu seguisse em frente”, conclui Noelia.

Adicione um comentário

Clique aqui para adicionar um comentário