José Renato Nalini Opinião

Sinais trocados

O Brasil começou a padecer de uma enfermidade estranha. Os dela acometidos se esquecem do principal e aderem ao superficial. Assim ocorre, por exemplo, com a educação formal. Busca-se o diploma. Deixa-se o conhecimento de lado. Daí o sucesso de tantas empresas que vendem diplomas de nível que seria considerado “superior”, em sessenta prestações mensais.
O que interessa é o “canudo”, não o que se adquiriu durante esse período pretensamente destinado ao aprendizado. Não é só no nível “superior” que esse fenômeno ocorre. No ensino médio, o que interessa é obter o certificado de segundo grau para concorrer aos vestibulares. Daí as salas ociosas e as imediações dos estabelecimentos escolares repletos de vagabundagem. Bares e baladas em pleno funcionamento. Aulas, destinadas a poucos.
Assim ocorre também com um setor em que o Brasil se destacava pela criatividade. A publicidade brasileira. Que já contou com a DPZ, o trio mágico formado por DUAILIBI, o grande Roberto, há pouco falecido, Francesc Petit e José Zaragoza. Luiz Lara, fundador da LewLara, escreveu um livro para contar essa história. O título é “Alma Brasileira do negócio: da era de ouro à era digital, como a comunicação transforma o mundo”.
Ele historia o mundo publicitário brasileiro e conclui que hoje, por causa dos jovens que só almejam prêmios, a publicidade brasileira perde humor e emoção. É a geração que vive nas telas, em busca de indicadores de algoritmos e deixa de encontrar a verdade nas ruas.
É muito importante que os jovens publicitários, se quiserem preservar a tradição brasileira na área, estudem mais. Conheçam mais o Brasil. Cultivem relacionamentos, convivam com outras faixas etárias e com outros extratos sociais. O recado é muito claro: publicidade não existe apenas para ganhar prêmio. Isso é consequência de um bom trabalho. Publicidade existe para que o negócio dê certo. Seja na vida privada, seja na administração pública, setor que, no Brasil, ocupa espaço cada vez maior.

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