Opinião

Sociedade em desenvolvimento

Houve um tempo em que o Brasil era controlado pela monarquia, depois pelo governo e atualmente é dominado por empresas, sobretudo bancos. Haja vista a República foi proclamada pelos banqueiros, de modo que o país nunca foi uma democracia de fato. Os banqueiros tinham vontade de ocupar o lugar da nobreza com todos aqueles privilégios, porém não conseguiam, já que não tinham sangue azul. Então eles armaram a Proclamação da República a fim de tomar os lugares dos nobres e cuidaram para manter a mesma estrutura. Ou seja, manter a ignorância da massa – há uma estrutura escravagista mantida.
A sociedade é como uma casa onde o alicerce é a massa: ignorante, desinformada e por isso mesmo imóvel. É a massa que mantém a estrutura social. Os tijolos são as classes médias. Coloca-se tijolo sobre tijolo até formar o telhado que é a elite. Contudo a elite também está pressionada, pois existe a cumeeira que fica mais no alto ainda – e é aí que mora o poder. A esquerda no Brasil sempre jogou colchões e deixava cair migalhas ao povo, porém eles não tinham consciência do que as pessoas que não têm nada são capazes de fazer com migalhas, e hoje está havendo uma comunicação da academia com a periferia que nunca houve.
As cotas que foram abertas nas Universidades para um punhado de pessoas menos favorecidas, sobressaem-se com um ponto positivo, já que estão levando vivência de base para a academia. Esse povo está sentindo o reflexo de um país onde, talvez, só irá pra frente se nós ‘escravos’ da sociedade Real pôr a boca no trombone.
O povo tem tomado consciência acadêmica, e esse conhecimento de base está sendo instilado na periferia. Logo o periférico que chega à academia para estudar não quer esquecer a periferia. Tem um vínculo afetivo tão grande que os de cima na cumeeira não sabem como é, pois o alicerce da sociedade tem condição de cumprimentar o vizinho: ‘Bom dia, seu Zé, como está hoje? O vizinho está com fome, ele divide o pão – o periférico sabe o problema pessoal de quem mora ao lado, e isso cria um vínculo que os de cima não percebem. À medida que as informações são inseridas para aqueles carentes de conhecimento, isso vai gerando um foco embrionário que ao longo do tempo vai se multiplicando – o que gera uma contaminação de informações e conhecimento em que o periférico vai ficando cada vez mais forte.
Se prestarmos atenção na sociedade, veremos que é a parte de baixo que faz tudo. Quem planta o que se come? É mão pobre. Quem costura todas as roupas que se veste? Quem põe calçada, faz estradas, levanta prédio, põe tijolo, constrói escolas? Quem colhe o lixo; monta o motor do seu carro; cata feridos na rua e leva para o hospital?
O pobre mantém, repara, põe pra funcionar, sustenta e financia o Estado, e o sistema tributário o castiga e o locupleta. São inferiorizados, têm seus direitos humanos e fundamentais negados e são colocados em uso como se fossem animais.
Precisamos nos desenvolver a cada minuto, e não a largos passos. As pessoas que querem mudar o mundo não desistem e eu sei que não verei um mundo justo em 80 anos de vida, mas a função é pensar em gerações futuras, para que possamos deixar pessoas melhores num mundo mais justo.

 “A facilidade fragiliza; a dificuldade fortalece” – autor desconhecido.