Política

Tite: “Queremos construir uma cidade cada vez mais justa e digna para cada um”

   O prefeito de São Caetano, Tite Campanella, em entrevista exclusiva, não escondeu a sua paixão pela cidade. Disse que tem “muito orgulho” de poder conviver com a cidade e que ama tanto participar do dia a dia do município. Contou que as áreas de Educação e Segurança tiveram grandes avanços, mas que a Saúde enfrenta um desafio, pois possui um de R$ 111 milhões menor do que o executado no ano passado.

   Na área econômica, disse que o contingenciamento de 12% não foi suficiente. Então, na última semana, realizou um novo contingenciamento de R$ 50 milhões, em busca do ponto de equilíbrio financeiro para São Caetano. Como próximas entregas, anunciou o Complexo da Pessoa com Deficiência e duas novas escolas do bairro Mauá, todas para o mês de agosto.

   Tite ainda contou que se inspira muito no seu pai, o ex-prefeito Anacleto Campanella (in memoriam), para governar, mas que conviveu com diversos ex-prefeitos da cidade, e que cada um deles o ensinou alguma lição, tanto sobre os acertos, quanto os erros. Tite enfatiza que sua vontade é de “contribuir com a vida da nossa comunidade”, diz. Confira.

Folha do ABC – O sr. construiu uma trajetória política, de mais de 20 anos, pautada no diálogo com as pessoas, nas ruas, nos comércios, nas padarias. Agora, como prefeito, o sr. tem mantido esse estilo de dialogar no governo, mantendo-se próximo da população. Como essa sua marca pessoal contribui tanto para o go-verno como para São Caetano?

Tite Campanella – Olha, não são só 20 anos, são 60 anos. Estou com 63 anos, são 60 anos de convivência com a cidade, estudando, namorando, casando, criando meus filhos na cidade. Então, é uma história que a gente tem com São Caetano, na qual eu me orgulho muito.

   Não por mim, mas me orgulho muito de poder conviver com a cidade. Isso facilita a gente, porque a interlocução com a população é muito fácil. Sou usuário dos serviços da cidade, vivo a cidade todos os dias, continuo frequentando os mesmos lugares que ia, mesmo antes de ser prefeito. Às vezes não com a mesma frequência, porque o trabalho dentro do gabinete é infernal. Às vezes chego às 8 horas da manhã e saio às 8 horas da noite.

   Então, não dá muito tempo para fazer aquilo que a gente gosta. Mas sempre que posso, nos domingos, finais de semana, a gente está na rua. E a mensagem que a gente quer passar para a população é exatamente essa. A gente não pode tudo, mas a gente está à disposição de todo mundo para ouvir as ideias, as críticas e as sugestões também da administração.

Folha – Em seus discursos, o sr. sempre demonstra atenção especial à Educação, Saúde e Segurança. Essas foram as áreas que receberam maior destaque, nestes seis meses de governo? Quais são os principais expoentes da gestão?

Campanella – Olha, acredito que nessas três áreas é onde o Estado, onde o governo tem que ter uma atuação melhor. Primeiro para atender todos aqueles que precisam, que estão em vulnerabilidade social e até para tirá-los dessa situação e fazer com que eles cresçam pessoalmente, como homem, como mulher.

   A área de Educação para a gente tem sido uma grata surpresa, a gente está investindo nisso desde o começo. Paguei as férias atrasadas que tinha do ano passado, fizemos o pagamento logo em janeiro, fizemos o pagamento também da parcela atrasada do pró-labore dos professores, estamos com uma boa equipe gestora, uma equipe muito legal na Secretaria da Educação, retomamos as atividades do Centro de Formação de Professores, ou seja, estamos tentando investir muito na educação para que a gente consiga ter bons resultados, já estamos colhendo bons resultados. Nenhum problema nessa área.

   Na área de Segurança Pública, também é muito bom para a gente. Todos os nossos índices de criminalidade foram reduzidos. Estive com o Capitão da PM, o capitão Salles, quando inauguramos o Terminal Rodoviário, ele estava comentando comigo e falou, prefeito: ‘estamos com os menores índices de criminalidade de toda a nossa série histórica’. Desde o ano 2000, quando começamos a calcular a média de criminalidade e é a mais baixa de toda a nossa história. Menor do que na época da pandemia, que não tinha ninguém na rua.

   Então, é um trabalho que a gente faz de valorização. Primeiro do nosso GCM, que é um traba-lhador esforçado e de grande valor. Segundo, da Polícia Militar e terceiro da Polícia Civil. São três elementos que a gente tem uma parceria muito sólida, pagando pró-labore, estando sempre à disposição dos comandos. Então, a área de segurança também só nos traz boas notícias.

   A Saúde, enfrento um problema um pouco mais complicado. Tenho um orçamento esse ano, de R$ 111 milhões menor do que o orçamento que executamos no ano passado. Tenho uma saúde do mesmo tamanho, mas com muito menos recurso, muito menos dinheiro. Então, a gente tem tentado, de alguma maneira, suprir essas carências financeiras e orçamentárias. Também recebemos a cidade com uma quantidade muito grande de contas a pagar que não foram honradas no ano passado, maiormente na área da saúde, lavanderia, medicamentos, empresas médicas e a gente está tentando fazer o máximo possível para tentar normalizar tudo isso. E a gente vai conseguir. Temos uma equipe muito positiva também.

Folha – Na área econômica, o sr. realizou o contingenciamento de 12% no orçamento municipal, o que possibilitou a redução nas despesas empenhadas entre janeiro e maio. Como isso tem avançado para atingir o objetivo de economizar os R$ 150 milhões? E em relação ao desenvolvimento econômico, como está a chegada de novas empresas em São Caetano?

Campanella – Em primeiro lugar, o contingenciamento de 12% não foi suficiente, infelizmente, para a gente fazer frente a essa questão orçamentária. Então, fizemos, nessa semana, mais um contingenciamento de R$ 50 milhões de dentro do nosso orçamento, para a gente tentar chegar num ponto de equilíbrio, que está muito difícil de ser obtido. Mas, a equipe técnica está trabalhando muito bem nisso e a gente espera até o final do ano ter essa questão muito bem solucionada.

   Estamos tendo recorde de criação de empregos também na cidade, recorde de abertura de empresas também na cidade, mas isso não está se refletindo no aumento da arrecadação. A arrecadação de São Caetano, principalmente do ICMS, tem caído. É reflexo de tudo que está acontecendo no Estado, está caindo a arrecadação do ICMS no Estado e em todas as demais cidades e reflete um pouco do movimento que está acontecendo na economia do país. Mas, a gente continua mantendo o otimismo, confiando na nossa equipe econômica na Prefeitura, que vai fazer um trabalho legal para a gente buscar esse equilíbrio.

Folha – Para este segundo semestre, o que a população pode esperar no que tange a entregas e inaugurações?

Campanella – Entregamos o módulo 1 do Terminal Rodoviário, na última semana. Ficou muito bonito, e demos, automaticamente, início às obras de reforma do terminal 2. Isso é uma obra que vai ser uma obra de longo prazo, vai demorar um ano, um ano e meio, para a gente poder entregar, que a gente inclusive vai ter um túnel de ligação entre o Centro e o bairro da Fundação, que é uma dívida antiga que a gente tem com essa parte da cidade.

   Entregamos o Smart Sanca, que é o reconhecimento facial da população toda de São Caetano, buscando aqueles foragidos da justiça, aquelas pessoas que estão pedidas pela justiça. E na fase de testes, há uns 15, 20 dias, já prendemos 20 pessoas foragidas da Justiça, 20 pessoas que estavam com pedido de busca da Justiça. Vai ser um sucesso.

   Ainda temos o Complexo da Pessoa com Deficiência, que a gente chama de Cuidar, vai ser um evento muito bacana também, e as duas novas escolas do bairro Mauá, nós devemos estar entregando também no mês de agosto.

   São obras que já estavam contratadas e a gente finalizou, como costumo dizer, não se para a obra de outro prefeito, não se para a obra que está em andamento. O prejuízo para a população é muito grande. Então, a gente seguiu com todas, perseguimos o objetivo, mesmo com dificuldade estamos entregando todas essas obras.

“Quero deixar um exemplo de trabalho, aquilo que posso fazer pela minha cidade”, diz o prefeito

Folha – E até dezembro o senhor planeja alguma novidade?

Campanella – Não, aí continuamos tocando alguns pequenos projetos que a gente tem, a zeladoria e a manutenção da cidade, dos parques e das praças. Não temos recursos para fazer nenhum tipo de obra grandiosa neste ano, nos próximos meses deste ano. Mas, a partir do ano que vem, com o meu orçamento, a gente espera conseguir fazer alguma coisa.

FOLHA- São Caetano retornou, recentemente, ao Consórcio ABC. Como o sr. analisa essa conjuntura de São Caetano, de todo o ABC, e também o relacionamento tanto com o Governo do Estado, como com o governo federal?

Campanella- Olha, o meu relacionamento com o Consórcio é muito bom, estamos com um grupo novo de prefeitos, o único prefeito que foi reeleito lá é o Marcelo Oliveira de Mauá, mas entre os sete prefeitos,a gente tem um, além do bom relacionamento, você não vê nenhum tipo de vaidade exacerbada, ninguém é chefe de ninguém, ninguém quer mandar mais do que ninguém. Temos um presidente, Marcelo Lima, que conduz muito bem os trabalhos e achoque, dentro desse novo desenho do Consórcio, a gente troca muita experiência e vai muito bem. E o nosso relacionamento com o governo federal, ele se lastreia muito na questão do Consórcio. O consórcio faz essa interlocução conosco e com o governo federal.

No Governo do Estado, nessa semana mesmo estive com o governador Tarcísio, ele me convidou para um bate-papo.  O governador sempre muito disposto a ajudar o ABC, sempre muito disposto a ajudar São Caetano do Sul, sempre um grande parceiro, um técnico sensacional, conhece muito e com grandes ideias e com grandes projetos, que em breve a gente vai anunciar para a cidade.

Folha – A história da família Campanella é indissociável com a de São Caetano. Seu pai, Anacleto Campanella foi prefeito, deputado estadual, deputado federal, um grande líder autonomista e ainda protagonista da urbanização da cidade. Qual a grande marca que o sr. está construindo para somar ao legado Campanella em São Caetano?

Campanella – Claro, me inspiro muito no meu pai. Tenho uma virtude, conheci todos os prefeitos de São Caetano, todos, desde o Ângelo Raphael Pellegrino, meu pai, Oswaldo Samuel Massei, Walter Braido, todos eles. Alguns conviviam dentro da minha casa, outros fazia questão de conviver, que era o Braido, por exemplo, que tinha uma grande amizade, um grande carinho, conheci o Massei, conheci todo mundo, todos eles.

   Então, para mim, sempre de cada um deles fica uma lição, alguma coisa importante que tento adotar no meu dia a dia, fica a lição daquilo que eles fizeram de certo, aquilo que eles fizeram de bom, e também dos erros e dos percalços que eles tiveram, cada um no seu momento, cada um dentro de uma realidade.

   Agora, claro, o exemplo do meu pai é o que a gente persegue mais, mesmo porque ali a gente teve uma escola e uma influência muito grande. Para mim é muito bom dar continuidade, não dar continuidade no nome. Essa questão é muita vaidade e essa vaidade não tenho. Mas, nessa vontade que a gente tem de contribuir com a vida da nossa comunidade.

   Fui vereador por três mandatos. Meu irmão foi vereador, também por dois mandatos. Meu pai tem esse currículo maravilhoso que você citou, espero que os meus fi-lhos, meus sobrinhos, que as pessoas da minha família também sigam contribuindo com a cidade dentro daquilo que eles puderem contribuir no futuro, não necessariamente sendo prefeito, não necessariamente sendo vereador, mas fazendo parte da vida da comunidade, que é uma comunidade tão rica, tão gostosa, que a gente gosta tanto, ama tanto participar do dia a dia.

   E também, falo isso da minha família, claro, que é um exemplo que a gente acaba dando para quem está chegando, agora, na família, mas também para a população em geral, que as pessoas se dispusessem, também, a participar da vida pública da cidade, a participar da vida comunitária, nas mais variadas formas, como voluntários em associações, como candidatos a cargos eletivos ou como fazendo parte da burocracia administrativa da cidade, pessoas que realmente tivessem essa vontade e esse desejo.

   E o que quero deixar, acho que é a última parte da pergunta, quero deixar um exemplo de trabalho, que é aquilo que posso fazer pela minha cidade, pela minha comunidade, de carinho, de amor e espero, como disse sempre, digo sempre para o meu secretariado, sejam bons com as pessoas, sejam bons com as pessoas que nos procuram, que precisam da gente, que dependem de alguma maneira da força do Executivo Municipal e que a gente possa construir uma cidade cada vez mais justa, cada vez mais digna para cada um.

Folha – São Caetano completa 148 anos. Qual o presente que o sr. dará à cidade neste aniversário?

Campanella – Gostaria muito de ter uma condição financeira melhor para poder estar entregando para eles obras melhores, projetos e programas melhores. Esse ano não posso dar muita coisa, mas vou dar trabalho, vou dar envolvimento da minha equipe para que ano que vem o presente seja muito melhor do que o presente deste ano.

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