27/07/13
As manifestações de junho surpreenderam a todos; alguns, entre os quais me incluo, percebiam, pela brisa, que a indignação contida transbordaria, cedo ou tarde. Outros, com origem em movimentos populares, não apostavam mais em atos espontâneos da massa. Viviam de seus próprios engodos. Houve também reação conservadora a moda antiga: “são vândalos”.
O marqueteiro palaciano, João Santana, age como se fosse primeiro-ministro, produziu a receita para a presidente: “Assembleia “Constituinte Exclusiva para a Reforma Política”. Assim é o marque-teiro de plantão, sugere tarefas e respostas que não são de iniciativa e competência do Executivo..Afinal de contas, não vão fazer mesmo e depois culpa-se o Congresso, como declarou o “ministro de meio expediente”.
Ninguém nega a necessidade da reforma política, na agenda há duas décadas. A distância entre representantes e representados é sentida há tempos. Esse fenômeno é mais evidente quando os movimentos mantiveram distância dos políticos e dos partidos,evidenciando o abismo entre a sociedade e a “classe dos políticos”.
Fomos merecidamente, golpeados, mas o Congresso não pode fazer o jogo do governo. Paga-se o preço desta nefasta política que transforma o cidadão em mero consumidor destituído das prerrogativas de participação no debate sobre o destinos da Nação.
Enquanto o governo busca recuperar o tempo perdido, o Congresso deve marchar em sintonia com a sociedade . Espera-se de cada parlamentar modernização cultural, postura e respeito a realidade socioeconômicas do povo. Urge mudar, vale hoje, como na Roma antiga, a máxima: “Não basta a mulher de Cesar ser honesta ela, tem que parecer honesta”.
A realidade das “ruas”, do cidadão que trabalha e enfrenta para esse mister no mínimo três horas de ônibus diariamente, exige da classe política” bons exemplos. É hora de abandonar certas “prerrogativas” que antes de direito é agressão ao cotidiano daqueles que sofrem o massacre entre a casa e o trabalho..
O Presidente da Câmara constitui, mais uma vez, Comissão Especial para em 90 dias apresentar Projeto de Reforma Política. Nesse período deverão ser realizadas audiências públicas no País, como já ocorreu em 2011 e 2012. O relatório realizado pela Comissão Especial anterior, da qual fiz parte, pode ser consultado e ser referencial. As cidades, por meio das entidades populares, partidos e casas legislativas, poderão realizar conferências, encontros e debates sobre as sugestões que devem ser encaminhadas à Comissão, e o novo relatório final, quando aprovado pelo Plenário da Câmara Federal, será submetido ao “referendum” popular. Esse caminho assegura a participação de todos os interessados e poderá contemplar as opiniões e sugestões majoritárias.
William Dib é médico cardiologista, foi prefeito de São Bernardo (2003-2008) é deputado federal (PSDB/SP)