Fabio Picarelli Opinião

Uma experiência inesquecível em Portugal

Participar de forma presencial no 10º Fórum Internacional de Patrimônio Histórico Arquitetônico Portugal/Brasil foi uma experiência maravilhosa. Em todos os sentidos.
Desde a partida no Brasil em 19 de maio ao lado do historiador, antropólogo, artista e superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de São Paulo, Danilo de Barros Nunes, até o dia 24 conheci pessoas e histórias extraordinárias que fazem a diferença no mundo.
Atendendo um convite da coordenadora geral, professora e arquiteta PhD Maria Rita Amoroso, a comitiva paulista se preparou para apresentar em comum acordo a tese intitulada “A rota do Café no Estado de São Paulo: Paisagem Cultural e Patrimônio Histórico”.
Paranapiacaba se insere no contexto a partir da segunda metade do século XIX, época em que a dificuldade do transporte do café era imensa, totalmente inexistente no aspecto tecnológico. Produzido no interior de São Paulo, o produto precisava ser transferido até o Porto de Santos. Foi então que o empreendedor Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, teve a brilhante idéia de firmar parceria com os ingleses para a construção de uma ferrovia que iria facilitar a exportação. Para vencer a inclinação da Serra do Mar e a distância foi necessário desbravar matas fechadas em caminhos desconhecidos. A empresa São Paulo Railway Company criou então o sistema funicular, provavelmente o único no mundo. Era o ápice da tecnologia.
O desenvolvimento da primeira ferrovia paulista, a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, pelos ingleses influenciou a arquitetura, a paisagem e a cultura local.
Em 2002 o então prefeito de Santo André, Celso Daniel, comprou da companhia toda parte Baixa da Vila . Entre altos e baixos, Paranapiacaba resistiu ao tempo e preserva até hoje o estilo inglês e a natureza que cerca o entorno.
Todo patrimônio está à disposição da comunidade local e visitantes. A meta para ser reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) é justamente para mostrar ao mundo essa riqueza.
Com apoio do Iphan; do prefeito de Santo André, Gilvan Junior; da população andreense; da parceira PUC-Campinas, e autoridades poderemos obter o primeiro Patrimônio da Humanidade do Estado de São Paulo. No gigantesco Brasil temos somente 25 títulos de paisagens históricas.
O Fórum é um evento conceituado e de grande amplitude para o setor. Especialistas e autoridades de várias partes do mundo se reuniram para debater e atualizar sobre os patrimônios históricos. A cada apresentação é mais um aprendizado, um passo a mais que damos rumo ao reconhecimento da Unesco em prol da nossa vila.
Da parte que compete à Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense posso ressaltar que não mediremos esforços para valorizar o patrimônio já existente e as melhorias que estamos planejando para deixar cada vez mais aconchegante esse espaço tão diferenciado em plena região de São Paulo, que foge do caos metropolitano e recebe cerca de 600 mil turistas durante todo o ano.
Nessa nova fase, iniciada em janeiro de 2025, serão restaurados todos os imóveis e o Clube Lyra Serrano. Além disso, estão em vias de planejamento a construção do viaduto Campo Grande; a pavimentação da estradinha de terra na parte baixa; e o restauro da passarela e do museu funicular.
Tudo isso servirá para fortalecer ainda mais a candidatura de Paranapiacaba.
Estamos prontos para encarar esse desafio!

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