José Renato Nalini Opinião

Uma ideia para incorporadores

Está certo que a tendência à verticalização acabe com as antigas residências, que tinham jardim à frente e pomar nos fundos. Que as residências construídas com carinho e estilo diverso, para abrigar gerações, tendam a desaparecer. Substituídas por grandes edifícios, essas moradas esdrúxulas que ignoram a advertência dos Romanos: “condominium, mater rixarum est”. Ou, traduzindo de maneira singela: os condomínios são a mãe de todas as encrencas.

As cidades hoje são paliteiros. Estes dias Ignácio de Loyola Brandão, que lamenta a extinção da vizinhança – existe algo mais impessoal e asséptico do que vizinhos de edifícios contíguos? – dizia que a tendência será a edificação de prédios com um metro de largura e quatrocentos andares.

Mas, dizem os senhores da poderosa indústria da construção civil, serem ambientalistas, preferirem material verde, serem campeões da drenagem, respeitarem as normas ecológicas, etc. Tudo bem. Mas há outras medidas que eles podem tomar para deixar a cidade mais “vivível”. Por exemplo: a cada novo edifício, um potente “jardim de chuva” para receber a água da chuva e para embelezar também.

Um jardim à frente, com vegetação frondosa, muito superior à graminha rala que pouco significa, além de fazer bem à comunidade, é algo lucrativo. Pois os compradores de imóveis já conscientes das emergências climáticas, procuram apartamentos que também tenham consciência ambiental. Procurar prédios “verdes” é uma tendência. Valorizado o empreendimento que se preocupa com a natureza.

Os passeios deveriam reservar uma faixa para o pedestre, mas destinar sua maior parcela física a receber árvores e arbustos. Nossa biodiversidade permite realizar façanhas estéticas com vegetação nativa.

As entidades como SECOVI, SINDUSCON, ABRAINC e análogas, deveriam instituir prêmios para os edifícios que reservassem a área frontal a tratamento paisagístico ecológico. Seria também uma forma de evidenciar, concretamente, o seu compromisso com as mudanças climáticas e com a necessidade de adaptar a cidade frente aos fenômenos extremos que virão, com certeza, com maior frequência e maior intensidade.

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