A pergunta é: o que leva um modesto cronista semanal, de jornal restrito à região do ABC, preocupar-se por questões políticas de país vizinho ao nosso? São, principalmente duas razões que, entre tantas, movem a atenção do cronista, no caso:
Primeira razão: na Venezuela não vige regime democrático, embora lá haja eleições, todas fraudadas. Predomina no país o “chavismo” do falecido presidente Hugo Chavez, inspirado no “bolivarismo” que propõe um socialismo com restrições às liberdades (especialmente a de informar, pela mídia), assim como total controle do executivo sobre os dois outros poderes de Estado, o legislativo e o judiciário. Qualquer pessoa que se interesse por informar-se sobre aquele país “irmão” saberá que o poder judiciário tem sido mero apêndice do pulso forte do atual presidente Nicolás Maduro. Segunda razão: o governo do Brasil sob o PT encantava-se com o governo de Caracas e até então não se manifestara sobre as truculências que ali são impostas aos seus opositores. Um dos exemplos dessa estranha conivência com o arbítrio ali frequente: ilustre deputada do PT aprova todas as restrições que ali persistem contra as liberdades, esteve presente e pessoalmente, desde Caracas falou em nome do PT, como sua presidente, sobre o apoio deste, como partido político, ao regime chavista e ao governo Maduro.
Ainda agora, quando aumentam pressões sobre as restrições ali vigentes há um movimento internacional no sentido de ajuda militar e política ao país pressionando as forças locais de resistência. E o povo sofrendo cada vez mais sob o tacão de Maduro
Como diz o jornalista Clovis Rossi, na Folha de S. Paulo: “Se há golpe na Venezuela, é do governo, contra a democracia e a economia”.
E Maduro, quando mais se apertam os laços de resistência interna e externa contra o regime, negocia com grupos militares locais, ainda fieis a ele e corrompidos, o apoio que o mantém no poder. Enquanto isso, um governo paralelo comandado pelo líder da oposição Juan Guaidó que se declarou presidente interino, após a Assembleia Nacional (poder legislativo) considerar publicamente fraudulenta a eleição que reelegeu Maduro. Para isso tem contado com o apoio decisivo e intensivo de governos de países vizinhos, Brasil inclusive, e da Europa.
E Maduro não desiste. Quer se tornar vítima de pressões políticas e econômicas que lhe são declaradamente adversas e cada vez maiores, com apoio declarado da imensa maioria do povo venezuelano.