O escritor Rubem Alves, poeta, cronista, pedagogo, deixou-nos alguns livros interessantes, tendo eu neste espaço, lembrado de seus escritos em outras ocasiões. Infelizmente, ele faleceu em julho de 2014, em Campinas onde residia e onde está sepultado. De seu livro “Ostra Feliz Não Faz Pérola” extraio uns textos nesta crônica de saudade. Um deles é o que está no título acima e que reproduzo: “O místico Jacob Boehme disse que a única coisa que Deus fez é brincar. Os homens perderam o Paraiso quando deixaram de ser crianças brincantes e se tornaram adultos trabalhantes. As escolas existem para transformar as crianças que brincam em adultos que trabalham”. Outro texto desse imaginoso escritor é o seguinte: “Eternas. As crianças que moram em nós são eternas. Não envelhecem. Tal como acontece nos gibis. Os sobrinhos do Pato Donald até hoje são pirralhos. E também o Calvin … Alberto Caeiro era da mesma opinião. Ele fala da eterna criança que o acompanhava sempre e que lhe fazia cócegas, brincando com as suas orelhas. Assim, a gente vai ficando velho por fora, as linhas do nosso rosto marcando a verticalidade. Mas é só a criança acordar para que o rosto velho se ponha a brincar …”.
No mesmo capitulo, ele fala das crianças diferentes e que ele, Rubem, também foi uma criança diferente e que por ser assim aprendeu a solidão.
Esse é um dos meus livros de cabeceira, mas o que realmente fez minha cabeça, de sua autoria, foi o em que ele conta do velho que se tornou menino. Fica ao leitor a sugestão para ler qualquer dos livros de sua autoria, mas o do velho que voltou à infância, esse é imperdível. Uma excelente companhia para homem ou mulher de qualquer idade.
Sobre o titulo que deu a esse livro, “a ostra feliz” explica que, como nas ostras, está ele cheio de areias pontudas que o machucaram e, para livrar-se da dor, escreveu sobre a ostra feliz que não faz pérola. Uma simples comparação.