01/09/12
A atitude adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de julgar, depois de sete anos, o maior caso de corrupção da história republicana brasileira, é uma clara demonstração que ainda há esperanças para o Brasil.
A expressiva maioria dos ministros dá uma lição de civilidade e responsabilidade com o principal papel que lhes cabe: a de guardiões da Constituição federal, e com certeza, farão valer essa prerrogativa.
Como é normal nas democracias, existem diversas teorias sobre o possível resultado: se o julgamento for político, em tese seria um, se o resultado for baseado na lei, seria outro. Não vejo desta forma, a imprensa que deu publicidade à Nação do escandaloso caso teve papel importante, e mostrou declarações e fatos, que falam por silogicamente os advogados de defesa, e não poderia ser diferente, tentam desqualificar tudo o que foi feito e levantado, quer seja pela imprensa, quer seja pela Policia Federal e Ministério Público Federal. Esquecem-se que depoimentos e declarações também são considerados provas.
O que se pode notar até o momento é uma clara disposição de tentar blindar alguns nomes de vistosas estrelas do Partido dos Trabalhadores. Nesse ponto, os contos da Carochinha são mais criveis.
Como destaquei em recente discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, a corrupção é uma bofetada na cara do país, que aos poucos vai recuperando sua capacidade de indignação com situações como essa, o que aumenta sobremaneira a responsabilidade da Corte Suprema do País.
A atitude é louvável e os ministros, embora indicados por diversos presidentes da República, demonstram que não irão jogar seus diplomas e carreiras, até com reconhecimento internacional, na lata do lixo.
Chama a atenção recente pesquisa, na qual a maioria da população brasileira acredita na existência do mensalão, mas paradoxalmente não acredita na efetiva punição, o que leva a acreditar que o sentimento de impunidade é maior do que o sentimento de insegurança. Um exemplo dessa situação: a pessoa é assaltada, o meliante preso, a pessoa de bem muda de 4 residência porque não acredita na punição.
Da mesma forma que o im-peachment de um presidente eleito não abalou as estruturas da democracia, esse julgamento também não abalará, e fortalecerá, ainda mais, as instituições e principalmente a combalida fé do povo, de que há muita gente seria buscando fazer o certo.
William Dib é médico cardiologista, foi prefeito de São Bernardo do Campo (2003-2008), é deputado federal (PSDB/SP)