
Fechado após a morte de um pássaro irerê e de um pombo, o Jardim Zoológico de Brasília responde por suspeitas de infecção pelo vírus H5N1 (gripe aviária). Com a investigação em curso no Distrito Federal, o momento é de atenção, mas sem pânico, destaca Lucas Edel, professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB). O especialista recomenda atenção, principalmente de criadores e profissionais que lidam com aves, devido ao risco de transmissão por secreções contaminadas.
“Os casos ainda não foram confirmados e são apenas suspeitas. A situação está sendo acompanhada e, conforme os desdobramentos, as medidas sanitárias serão tomadas”, conclui o especialista em doenças infecciosas e parasitárias. Segundo ele, a suspensão das atividades do zoológico é uma medida preventiva e, até o momento, não há previsão de reabertura do parque. O fechamento segue recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que orientam a investigação imediata e o isolamento de ambientes diante de qualquer suspeita.
A influenza aviária é causada por um vírus que circula predominantemente entre aves, mas que também pode afetar mamíferos e, em situações raras, seres humanos. O professor explica que existem dois subtipos do vírus: um altamente patogênico, responsável por alta mortalidade entre aves, e outro de baixa patogenicidade, menos agressivo e com menor risco para humanos. “A circulação do vírus em aves migratórias já é observada em várias partes do mundo. No Brasil, os primeiros casos estão surgindo agora e estamos tentando entender como essa transmissão aconteceu, se por aves migratórias, por aves domésticas ou de outra forma”, afirma o especialista.
Nos animais, os sinais clínicos são sintomas respiratórios, problemas de locomoção, apatia e, em muitos casos, evolução para óbito. O especialista lembra que esses sintomas também são comuns a outras doenças aviárias, por isso é fundamental aguardar os resultados das investigações. “No Distrito Federal, está sendo apurado se os casos realmente se tratam de influenza aviária ou de outra doença semelhante”, explica o docente do CEUB.
Riscos humanos e medidas preventivas
Apesar do alarme, os casos de infecção em humanos são extremamente raros e costumam ocorrer após contato direto com aves doentes. “É muito mais comum em situações em que aves silvestres ou migratórias entram em contato com aves domésticas”, destaca Lucas.
Como precaução, o especialista orienta que a população evite tocar em aves doentes ou com comportamento anormal. “Caso observem alguma ave com sinais clínicos ou comportamento fora do comum, o ideal é não manuseá-la e acionar imediatamente a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal”, recomenda.
Além dos riscos à saúde, a gripe aviária pode trazer impactos econômicos severos. Como um dos maiores exportadores de carne de aves do mundo, o Brasil pode ter suas exportações suspensas em caso de confirmação do vírus em granjas. “Se uma granja com duas mil ou cinco mil aves for contaminada, todas precisam ser abatidas. Isso gera prejuízos expressivos e pode afetar diretamente o comércio internacional”, alerta Edel. Para Lucas Edel, as ações de contenção e vigilância precisam ser rigorosas.
Foto: Joédson Alves – A.Brasil
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