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Carta do passado II

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Meus amigos.... Quem leu minha matéria na semana passada vai lembrar que escrevi sobre uma carta da prima de minha avó alemã Catharina Guttbier Bellinghausen, que vivia na Polônia. Ela cita um seu irmão Karl que havia ido para a Rússia. Pois encontrei uma carta dele, seguindo então mais uma parte da história da família. Aí vai...
Kowrow, 4 de janeiro de 1935
Querida prima Katharina
Quero informar-lhes que minha esposa, meus filhos e eu estamos com saúde, desejando o mesmo de todo coração a vocês. Já lhe escrevi várias cartas, mas até agora não recebi resposta. Não sei o que pensar a respeito. No dia 24 de outubro fará 3 anos que estamos aqui na Rússia. Assim, com o ano novo escrevo novamente. Será que vocês não querem mais contato comigo? Embora não a conheça pessoalmente, conheço-a por fotografia, e sempre é bom receber notícias de parentes próximos. Gostaria de apertar as mãos de vocês pessoalmente, mas infelizmente não é possível, cara prima.
No dia 14 de outubro de 1931 saí de Hamborn para a Rússia. pois estava desempregado na Alemanha e precisava voltar a trabalhar.
Minha esposa está com muita saudade, estando doente. Eu pensei que iria melhorar, mas está piorando ano a ano. Estávamos bem, mas ela nunca tinha saído de casa e para mim tanto faz onde estou. Como você sabe, na Alemanha trabalhei nas minas de carvão, mas aqui trabalho numa fundição de ferro como mestre. Meu trabalho aqui também é perigoso, mas não tanto como mineiro.
Querida prima, quero informar que não estamos muito bem, pois somos estranhos aqui. Os russos vivem mais ou menos, mas não estão tão mal assim. Espero que também eu possa ter uma vida melhor um dia.
Quem esteve na Rússia antigamente não a reconhece mais hoje. Onde havia florestas e campos, hoje há fábricas gigantescas e casas.Moscou e Leningrado não dá para reconhecer, e as casas pequenas estão desaparecendo, dando lugar a arranha céus, o que significa que o progresso está caminhando a largos passo.
Vou terminando por enquanto, esperando receber uma resposta sua, e que minha carta os encontre com boa saúde.
Seu primo, mulher e filhos. Lembranças a você e seus filhos e a prima Barbara e filhos da Família Karl Baudisch
Meu endereço:
GOROD KOV ROD I.P.O.--UL. ABELHMAN DOM 7/8 KV B
KARL BAUDISH--S.S.S.R
Por favor responda.
O irmão de minha mulher também está na América- no Canadá
Hoje recebemos uma carta dele. Seu endereço é:
Joseph Marcinkowski
68 Yorke st. Glace Bay- W.S.C.B.- Canadá
Como aqui no Brasil as cartas chegavam sem endereço, somente Villa de São Bernardo, acreditamos que minha avó não recebeu cartas anteriores.
Meu pai e seus irmãos, apesar de escreverem em alemão, perderam totalmente o contato com outros parentes. Estranhei quando o Karl fala que minha avó dê lembranças a prima Bárbara, uma vez que minha avó era filha única, e nós nunca soubemos dessa sua prima aqui no Brasil.
Uma recomendação aos jovens: conversem com os mais velhos sobre seus ascendentes. Como meu pai Alberto ficou órfão de pai, aos 11 anos, e minha avó o teve com mais de 40 anos, e só ele teve filhos, a família ficou muito reduzida e as lembranças se dispersaram....
Um abraço, Didi

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