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A casa do saber (continuação)

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Por poucos anos vivemos na casa da Rua Carlo Del Prete, que do número 1 passou para o número 55.Foram morar conosco lá, meus avôs maternos portugueses João e Assumpção Tavares e o primo Tico, o Waldir. Nessa ocasião éramos: meus pais, meu irmão Nenê, o Ronald e eu. No ano da mudança nasceu minha irmã Lili, a Amarylis. Quando nos mudamos para a Rua João Pessoa no dia 21 de dezembro de 1946, minha irmã Suzana tinha 19 dias, nascida no casarão. Nós, os outros filhos havíamos nascido em S. Paulo. Em 1945, quando chegou o quarto filho, devido a demora para a viagem até a capital, nasceu com um problema no coração, falecendo 12 dias depois. Lembro-me daquele anjinho no pequenino caixão branco, e o enterro indo pelas ruas de terra da cidade, todos a pé, como era costume na época, até o cemitério da Vila Euclides. Como eu era muito pequena, meu avô fez-me voltar para casa com as amiguinhas.
Na nova casa em 1953, nasceu a Rosinha, tendo esse nome devido as irmãs do recém inaugurado Hospital São Bernardo, dizerem constantemente: Tão rosada... Como uma Rosa. Assim foi chamada Rosa Maria.
Num dia destes, numa reunião de amigas de minha infância (sim, continuamos a nos encontrar) recordamos situações engraçadas que vivemos no casarão. Lembraram que meu irmão e o primo Tico criavam coelhos. Foram tantos que os dois começaram a levá-los para a feira da cidade, que na época era uma por semana, para vendê-los. De que pegávamos os ovos ainda quentes que as galinhas botavam e os dávamos para a irmã Lili chupar, fazendo um buraquinho na casca. Das bananas que assávamos nos forninhos de barro que meu irmão, junto com meu pai faziam. De como subíamos nas árvores frutíferas para comer as frutas direto dos pés. Como a casa dava para o pátio da fábrica de móveis de meu pai e meu tio Tede, o Carlos Theodoro, brincávamos de nos esconder no meio dos móveis e rolávamos pela montanha de cavaco (restos das aparas da madeira). Nessa época meu pai comprou seu primeiro carro, e todos íamos passear até o Rio Grande (hoje Riacho Grande), subindo nos morros ao lado da represa. (até hoje não sei como cabíamos todos no carro... rsrss)
Estou divagando... Voltando ao colégio das freiras. A nova escola na rua Dr. Flaquer, ficou com o nome do benfeitor, Escola Ítalo Setti. Com a implantação do ginásio, este ficou com o nome de Colégio São José tendo alunas internas e externas. O primário era composto por meninos e meninas, mas no ginásio só era permitida a freqüência das meninas. Em São Bernardo não havia outro ginásio. Assim, os meninos tinham que dar continuidade aos estudos em Santo André ou São Paulo. Muitos jovens iam para internatos devido as dificuldades encontradas aqui.
Com a mudança para a nova casa na Rua João Pessoa, o casarão ficou vazio. Meu pai Alberto deixou que minha mãe Odette desse continuidade ao que fazer com a casa.
Ela então espalhou pela cidade que gostaria que lá se instalasse uma escola para ambos os sexos. Já antevia o problema de onde meu irmão iria estudar. Não sei como chegou até ela, dois irmãos de Minas Gerais, Amaury e Mauro de Toledo Leite.
Com alguns meses de carência de alugueres, inauguraram a Escola Dona Leonor Mendes de Barros em 1949. Minha mãe, amante da história do município, perguntou a eles porque colocar o nome da mulher do governador se tínhamos aqui personagens da fundação da cidade, como Cacique Tibiriçá, sua filha Bartira e seu marido João Ramalho.
Odette já tinha fundado a Associação Beneficente com o nome de BARTIRA em 1943, atendendo todas as pessoas carentes da cidade. Assim, posteriormente com os primeiros formandos do ginásio, entre eles José Fábio Cassetari, que me lembrou que teve como paraninfo na formatura o Sr. Eufrásio de Toledo Leite, pai dos diretores, estes deram continuidade aos estudos, inaugurando a Escola Técnica de Comércio Cacique Tibiriçá. Minha mãe teve o prazer de ser a paraninfa da primeira turma de formandos.
No Dona Leonor funcionava durante o dia o curso primário, e à noite o ginásio. Naquele tempo, os jovens começavam a trabalhar muito cedo, tendo então a noite disponível para os estudos.
Nós, as jovens moradoras da Rua João Pessoa, como as Margonari, Guazzelli, Tavares, Ferreira, Beletatto, Rusig, Negri, Pasin, Bellinghausen, ficávamos no horário em que os rapazes iam para a escola, em torno das 18,30, 19 horas, reunidas no terraço, outras nas janelas, “conversando” e arriscando um olhar para os moços que passavam com seus livros na mão. Muitos casamentos aconteceram devido a essa troca de olhares.
Continuarei na próxima semana.
Um abraço, Didi

Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo - e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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