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A escalada da inflação

Publicado em Editorial
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A escalada da inflação no Brasil tem minado a economia nacional. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 1,06% em abril, a maior taxa para o mês desde 1996, ou seja, há 26 anos, e no acumulado de 12 meses chegou aos 12,13%.
A maior inflação para o mês de abril foi evasiva para o bolso dos consumidores brasileiros, com alta de quatro entre cada cinco itens pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Do total de 377 produtos que fazem parte da cesta de consumo das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, 295 (78,25%) passaram a custar mais, 56 (14,85%) estão mais baratos e 26 (6,9%) apresentaram estabilidade no mês.
A inflação afeta o bolso de todos os consumidores. A crescente nos gastos faz com que o poder de compra diminua cada vez mais, ou seja, com a mesma renda de períodos anteriores, a população consegue comprar cada vez menos. Os preços altos também comprometem a renda da população. Mas, não são só os consumidores que sofrem com isso. Com a queda do consumo, a venda das empresas diminui e o planejamento, até mesmo a curto prazo, é bastante dificultado.
Muitas empresas estão tendo que engavetar investimentos importantes, ou a melhoria da produção, pois não têm previsão de quanto irá custar a matéria-prima ou o frete do mês seguinte. Também precisam reajustar preços mais vezes durante o ano e mudar modelos de vendas, para não comprometerem a saúde financeira. Algumas empresas também fazem diversas manobras com o intuito de retardar, cada vez mais, o repasse de preços para não perder as vendas. Outras são obrigadas a reduzir a mão de obra, e com isso, contribuem para o aumento do desemprego.
Para agravar a situação das empresas e indústrias, todas as matérias-primas tiveram aumento nos últimos meses e a entrega de produtos e serviços também foi afetada, com a alta do preço do frete, impulsionada pelo aumento no preço dos combustíveis. Assim, fica difícil planejar o preço combinado na compra, pois pode não ser o mesmo na hora da entrega.
O setor de construção também tem sofrido com a alta da inflação. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) estava com 11,47% até março, mas o preço do aço, por exemplo, teve aumento de 20%. Assim, muitas companhias vivem o dilema, se não repassar os custos, há comprometimento na margem, mas se repassarem, não conseguem vender.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), na quarta (11), minimizou o impacto da inflação, ao afirmar que "o Brasil foi um dos países que menos subiu o preço das coisas". Segundo Bolsonaro, a crise é mundial. “A crise é no mundo todo. Aqui no Brasil está caro? Está. Agora, alguns me acusam injustamente (...) Vocês lembram do 'fica em casa, a economia a gente vê depois'. Quem mandou ficar em casa é o responsável por isso”, disse.
Em meio à disparada da inflação, o Ministério da Economia anunciou, também na quarta (11), que decidiu cortar o imposto de importação de 11 produtos, entre eles, carnes desossadas de bovinos congeladas: de 10,8% para zero; pedaços de frango: de 9% para zero; farinha de trigo: de 10,8% para zero; trigo: de 9% para zero, entre outros. O objetivo da medida é tentar atenuar o forte aumento de preços verificado nos últimos meses.
Os cortes de impostos até podem auxiliar, mas será difícil reverter a alta de preços das cadeias de produção mundial, os reflexos das restrições impostas pela pandemia e os efeitos da guerra na Ucrânia.

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