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Carnaval de Veneza - o mais antigo do mundo

Publicado em Luiz José M. Salata
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O carnaval de Veneza é muito mais antigo do que se pensa, pois segundo as anotações dos registradores da Sereníssima, a festa foi instituída por volta dos anos de gestão do Dodge Vitale Falier, proveniente de uma das famílias mais abastadas da região. O carnaval, cujo nome é composto pelas palavras carnem  e lavare, é uma festividade associada ao catolicismo, embora não seja  reconhecida pela Igreja, como um evento religioso. A data remonta ao fim do século XI, época da qual datam as primeiras referências escritas sobre sua celebração. Propôs que, antes do início da quaresma, a população tivesse direito  a usufruir de um período de jogos, brincadeiras e diversão pública. Não era novidade, pois os romanos já realizam esse tipo de festa, nos chamados dias de Saturnali, quando festejam o deus Saturno, com banquetes, sacrifícios e subversão dos papéis: os escravos tomavam o lugar dos patrões por certo período, ou seja, para que nobres e plebeus se misturassem em um momento de diversão anônima até os dias atuais. Com o apoio definitivo das autoridades, o carnaval teve uma adesão generalizada por parte dos venezianos, não só entre as altas esferas sociais, que viam nas máscaras uma excelente oportunidade para se exceder livremente, mas também entre as classes mais baixas e integrantes do clero, que aproveitavam para se fantasiar de monstros, demônios e muitas outras figuras.  Efetivamente, mas foi em 1296, que o Senado veneziano formalizou o carnaval com um decreto que declarava que o último dia antes da quaresma fosse de festa. Porém, a população já começava a comemorar o carnaval meses antes, em dezembro. A oficialização do evento trouxe uma série de usos e costumes, além de caracterizá-lo como uma verdadeira oportunidade de novos negócios. Nesta época, já existiam, por exemplo, as escolas ou confrarias dos mascareri, ou seja, dos artesãos que produziam as máscaras e fantasias para os foliões. A euforia do carnaval estava no papel que ele incorporava. Um momento de abandono da própria identidade. O anonimato permitia aos venezianos  de ser quem eles queriam ser pelo menos durante esse período do ano. Os homens usavam a baùta, uma roupa com uma espécie de capa  que cobria todo o corpo. O rosto era escondido por uma máscara branca triangular, com uma abertura que não os impedia de comer e beber, mas era suficientemente fechada para alterar até mesmo a voz de quem a usava. As mulheres a moretta uma máscara preta de veludo oval, mas para elas o silêncio reinava o silêncio pelo fato da moretta era encaixada no rosto por meio de um botão que devia ficar dentro da boca da mulher, o que impedia de se expressarem. A liberdade muitas vezes era exacerbada: atos imorais, golpes, pequenas ações criminais aconteciam, mas eram controlados pelas autoridades. Em certo período as máscaras chegaram a ser proibidas durante a noite, nos lugares sagrados e nas casas de jogos. Mas, nos teatros o uso das máscaras era obrigatório para todos. A população veneziana continuou fantasiando-se por séculos, quando o carnaval de Veneza atingiu seu auge no século XVIII, quando famílias inteiras de nobres e até mesmo da realeza juntavam-se à folia. Nessa época, os governantes passaram a permitir andar fantasiado durante todo o semestre, em vez de apenas nos dez dias previstos no calendário. Com a queda do potencial econômico de Veneza, o evento passou a perder certa importância, sendo o golpe final a proibição de sua celebração por Napoleão, em 1797, ao conquistar a cidade. Com isso, sofreu um longo período de ostracismo até a retomada a pleno vapor no século XX, ficando reincorporado ao calendário veneziano, oficialmente, a partir de 1979, quando deu-se um autêntico renascimento carnavalesco. Um claro sinal  disso foi a proliferação  de lojas de máscaras, motivo de preocupação dos comerciantes italianos com a concorrência chinesa na produção dos artigos, oportunidade em que passaram a colocar placas nas portas das lojas com a seguinte informação: maschere genuine italiane, non cinesi. As autoridades venezianas se dando conta do forte apelo turístico do carnaval na cidade, deram um grande incentivo investindo na promoção com um grande programa festivo que inclui desfiles na Piazza San Marco, regatas de gôndolas  e desfiles com barcos alegóricos ao longo do Grand Canal, concursos de fantasias e de máscaras, blocos nas praças principais. Assim, a magia do carnaval de Veneza revive a antiga tradição veneziana quase milenária de se mascarar e ser anônimo por alguns dias, participando das festas que devolvem à cidade seus tempos mais áureos e coloridos.

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