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Nas capitais do País, endividamento familiar cresce seis vezes mais

Publicado em Negócios
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Em meio à pandemia de Covid-19, o número de famílias endividadas nas capitais brasileiras subiu no primeiro semestre do ano a uma velocidade seis vezes maior do que o crescimento do próprio volume de novas famílias: de 10,6 milhões para 11,2 milhões de núcleos familiares com alguma dívida. É o que mostra a Radiografia do Endividamento, um levantamento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Enquanto o número de famílias subiu 0,8% (pouco mais de 126 mil novas famílias) em junho de 2020, em comparação a junho de 2019, o endividamento familiar teve alta de 6% (quase 638 mil a mais de lares) no mesmo intervalo de tempo. Não é exagero afirmar, assim, que uma família pode ter dívidas antes mesmo de se formar.

Segundo os dados, 67,4% das famílias brasileiras vivendo em capitais estavam endividadas no final do primeiro semestre – número que era de 64,1% em 2019.

A pesquisa da FecomercioSP considera como endividadas todas aquelas famílias que precisaram recorrer a algum crédito a prazo para compensar pagamentos imediatos à vista, como empréstimos formais e informais e alguns tipos de financiamentos, como os de automóveis.

No total, cerca de 34,2 milhões de brasileiros estão dentro do grupo de impactados por dívidas no primeiro semestre, dos quais 13,3 milhões deles são de lares cujas contas estavam atrasadas.

Atraso das dívidas e comprometimento da renda

Esta realidade fica ainda mais complexa levando em conta famílias que dizem ter alguma dívida em atraso: crescimento de 9,9% em comparação ao final do primeiro semestre de 2019. Considerando, da mesma forma, que o número de famílias aumentou 0,8% no período, é possível dizer que o volume de lares com contas atrasadas cresceu em uma velocidade 11 vezes maior do que o aumento populacional nos seis primeiros meses do ano, o mesmo período do auge do coronavírus no Brasil.

 

Dados mais preocupantes são os relativos à proporção da renda mensal das famílias comprometida com o pagamento de dívidas, que superou a marca dos 30% em 2020, chegando a 30,3% (o que significa dizer que um terço da renda familiar mensal nas capitais do Brasil é destinado a pagar dívidas) e, principalmente, à quantidade de famílias que chegaram a junho deste ano com contas em atraso: 26,3%, sendo que era de 23,9% em 2019.

A média da dívida mensal de famílias nesta situação também cresceu em meio à crise do Covid-19: 3,3%, passando de R$ 2.103 em junho de 2019 para R$ 2.173 agora. A alta se explica principalmente pela demanda mais intensa por crédito durante a pandemia, quando muitas famílias se endividaram. Enquanto regiões como o Sul e o Sudeste têm mais oferta de crédito formal, como bancos e instituições financeiras, no Norte e no Nordeste há maior participação dos empréstimos informais no mercado. Isso se nota observando a média mensal do total do valor mensal das dívidas entre os dois períodos comparados na pesquisa: de R$ 22,3 bilhões em 2019, e de R$ 24,1 bilhões em 2020 – crescimento de 7,8%.

Para a FecomercioSP, porém, o aumento do endividamento em paralelo com o crescimento da renda se deve, também, ao desequilíbrio na oferta de crédito formal e informal entre as  diferentes regiões do Brasil.

Capitais

Segundo os dados da radiografia, Natal foi, em junho de 2020, a capital com o maior porcentual de famílias endividadas (96%), ultrapassando o posto normalmente ocupado por Curitiba (90%) em anos anteriores e São Luís (86%), o que evidencia mais distribuição geográfica do fenômeno.

No entanto, quando se considera a proporção da renda média mensal familiar comprometida com dívidas, as capitais do Nordeste e do Norte ficam em evidência: Manaus, onde 45% da renda são destinados a para pagar contas todo mês, é o que vive a pior situação, seguida por Rio Branco (39,2%) e Teresina (39%). Salvador (38,1%) e Macapá (33,7%) completam o grupo das cinco capitais.

No caso do Estado do Amazonas, um dos que mais sofreram com a pandemia, a capital Manaus registrou o maior aumento de famílias com renda mensal comprometida para pagar dívidas: 31% no final do primeiro semestre de 2019 para 45% agora.

Considerando ainda apenas as capitais, nota-se disparidade também no movimento das rendas mensais, com crescimento em alguns locais e queda em outros, na comparação de junho de 2020 com junho de 2019. Se, por um lado, os rendimentos subiram 15,59% em Belém (PA), 13,34% em Manaus (AM) e  11,71% em Natal (RN), por outro, caíram em cidades como Vitória (-12,14%), Campo Grande (-9,93%) e Porto Alegre (-7,51%).

Outra cidade que chama atenção na radiografia é Natal, no Rio Grande do Norte (RN), que experimentou um aumento expressivo do endividamento familiar: de 74% para 96% (alta de 22 pontos porcentuais) no primeiro semestre. Na capital potiguar houve também o maior aumento de famílias com contas em atraso: de 29% para 48%. Para a Federação, o quadro é preocupante, porque a renda mensal familiar na cidade ainda é 13% inferior à da média das demais capitais, mesmo após haver mostrado elevação de 11,7% entre junho de 2020 e o mesmo mês do ano anterior.

Última modificação em Sexta, 04 Dezembro 2020 09:03
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