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Canudos – homenagem a Euclides na FlIp

Publicado em TITO COSTA
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Euclides da Cunha,  famoso por seu livro “Os Sertões” vai receber homenagens na FLIP  (Festa Literária de Paraty) nos dias 10 a 14 de julho deste ano de 2019. No livro ele aborda “de passagem”  o importante fato histórico da Guerra de Canudos,  um conflito armado que envolveu o Exército brasileiro e membros da comunidade  sócio-religiosa liderados por Antonio Conselheiro.  Este bravo cearense embrenhou-se   em terras baianas, nos anos  de 1895 para comandar  uma luta contra o Exército, por não concordar com a República, proclamada seis anos antes.
Hoje Canudos não existe mais. É uma cidade perdida duas vezes, no dizer Marcos Vinicius de Almeida num ensaio histórico recente (cf. Folha de S. Paulo, 09/09.19). O arraial hoje  é  Belo Monte, assim rebatizado pelo taumaturgo cujo  nome   está ligado ao povoado  que foi palco de um capitulo importante da nossa História.
Em seu famoso “Os Sertões” Euclides faz breve referência ao movimento sedicioso, pois já doente não teve como mergulhar no estudo dessa epopéia mal compreendida por ele, subestimando ideais e propósitos de luta contra a República recém instalada.
Canudos hoje é uma memória. Em seu lugar está Belo Monte, cidade distante do antigo local e das antigas atrocidades que ainda relembram um triste episódio dessa historia de violências que o tempo ainda não apagou e agora revivido pelo professor cearense Pedro Lima Vasconcelos, em dois preciosos volumes nos quais refaz a historia desse movimento, trazendo os “Apontamentos do Conselheiro” sobre o movimento que abalou o Brasil no final dos anos 1800  (cf. Realizações Editora, SP, 2017).  
O prefácio desse livro é do conhecido intelectual Leandro Karnal, sob o título “O Beato que Escreve”, destacando  do estudo de Vasconcelos:  “Se as elites urbanas da capital viram no Conselheiro  o brasileiro arcaico, o texto parece indicar um homem letrado acima da média e fruto do todo o  processo colonizador e missionário do Brasil”. Um segundo caderno de anotações do Conselheiro, de 1897, foi publicado  somente em 1974, pelo professor Ataliba Nogueira, saudoso mestre da nossa Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, sendo que tais anotações ressurgem dos escombros de Belo Monte (antes, Canudos). Os soldados que os acharam  estavam procurando o cadáver do Conselheiro,  morto 15 dias antes.
 “Longe de ser um demente mental (como muitos enganadamente o consideraram) o Conselheiro era um homem letrado e prático”, diz Pedro Lima Vasconcelos referindo-se aos escritos e às obras do peregrino de Canudos, que trabalhou na construção de casas, igrejas e cemitério ainda nos primórdios de seus dias de luta pela libertação de Canudos, destruída pela República que o Beato tanto combateu.
A obra de Vasconcellos revive a tragédia e seu personagem central. O sertão virou mar, enfim”.
Sobre os “Apontamentos” do Conselheiro (2º volume), parte importante do livro, assinala Karnal,  que  ele era de muitas leituras e sabia muito bem o que queria com sua luta contra a República, assumida também pela gente humilde do arraial.  Lutou em vão contra forças do Exército que dizimaram o povoado para fazer de Canudos um capítulo comovente de nossa História.
Marcos Vinicius Almeida arremata seu texto com esta observação de Ariano Suassuna: “Quem não conhece a história de Canudos não conhece o Brasil”.                                                                                      

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