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Publicado em TITO COSTA
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Um jovem leitor me pergunta: afinal, por que esse feriado de 9 de Julho em São Paulo?  As novas gerações desconhecem a grande saga dos paulistas em luta por uma Constituição. Foi por isso que aconteceu o 9 de Julho. Em resumo: em 1930 uma revolução no Rio Grande do Sul, contando com o apoio do Partido Democrático de São Paulo, produziu Getúlio Vargas, então candidato pela oposição contra o presidente da República Washington Luiz, que foi  deposto, preso e exilado. O historiador Célio Debes, meu colega e amigo, analisa os fatos  em seu precioso estudo sobre Washington Luiz (3 vols. Ed. Imprensa Oficial do Estado). Premido pelas circunstâncias, Getúlio, que assumira o comando da República, pelas mãos da Junta Militar Revolucionária, organiza governo provisório com o compromisso de convocar assembléia constituinte. Mas vai protelando, sem convocá-la. Os paulistas protestam e então surge a Revolução de 1932, no dizer do prof.  Marco Antonio Vila “o maior conflito bélico da história brasileira do século XX”.  Um denominado “Governo de 40 dias”, então formado em São Paulo, é dissolvido por Getúlio, exacerbando os descontentamentos da gente paulista. Derrotado o movimento constitucionalista de 1932, Getúlio convoca assembléia constituinte que produz a Constituição de 1934, de pouca duração. Expondo, agora sem reservas, sua vocação de ditador Getúlio dá o golpe. Edita nova Carta em 10 de novembro de 1937 instalando no Brasil o chamado Estado Novo: cancela as eleições, dissolve o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas nos Estados, e as Câmaras Municipais; nomeia interventores para os governos estaduais; estes, por sua vez, nomeiam os prefeitos e assim, abolido o poder legislativo, instala-se um governo ditatorial, que só vai terminar em 1945, com a deposição de Getúlio pelos militares. Sempre eles.
Entre tantos livros e estudos sobre a Revolução Paulista de 9 de Julho menciono o recente trabalho do prof.  Marco Antonio Vila “1932 Imagens de Uma Revolução”, com prefácio de Boris Fausto, edição da Imprensa Oficial do Estado (2010), ilustrada com expressivas fotos.  O texto e as fotos ressaltam  o significado dessa  guerra que impulsionou a sociedade, como um todo, numa demonstração de civismo jamais vista entre nós. Eram homens, mulheres, crianças, todo um exército de voluntários em luta pela Constituição e pela ordem.  Não por acaso há na cidade de São Paulo a Avenida 9 de Julho, o Palácio Nove de Julho sede da Assembléia Legislativa, e em quase todas as cidades do interior, praças, ruas, monumentos, sempre celebrando a data da rebeldia patriótica da gente bandeirante. E a Avenida 23 de Maio na capital paulista? Lembra ela a data do inicio do movimento quando tombaram nessa luta os jovens: Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo, origem do movimento MMDC arregimentador de voluntários e combatentes.  Em São Bernardo no Bairro Paulicéia  estão eles homenageados, com nomes em ruas e praças.  E assim, meu caro jovem, fica você informado sobre a data Nove de Julho, importante não apenas para São Paulo, como também para todo o Brasil.    No pórtico do Mausoléu de 32, no Ibirapuera, inscrevem-se estas palavras do poeta Guilherme de Almeida: “Viveram pouco para morrer bem.  Morreram jovens para viver sempre”.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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