A Folha do ABC completa 69 anos de existência. A publicação atual é resultado da união do jornal A Vanguarda, com sede em São Bernardo, e a Folha do ABC, com sede em Utinga, em Santo André. A Vanguarda era comandada pelo advogado Nevino Rocco, Cyro Cassetari e Alberto Floret e, a Folha do ABC, comandada pelo jornalista Antonio Manieri.
Em outubro de 1981, o editorial enfatizava que “a nova Folha do ABC vingou, venceu e continuará no longo caminho em que não se vislumbra extremo. Os caminhos fáceis conduzem a efeitos e satisfações efêmeras. Ninguém nasce feito, nem se realiza da noite para o dia. Por isso, temos paciência e preferimos o crescimento naturalmente honesto, degrau por degrau, porque não abdicamos do respeito que já nos é dedicado por todos. Há muito por fazer, muita luta a vencer, mas a ânsia, o desejo de superar todas as dificuldades de se cumprir nossa trilha, a luta comercial contra os poderosos não nos intimida”.
No passar dos anos, alguns sócios deixaram o jornal para cuidar de outras atividades profissionais. Atualmente, Neide, esposa do saudoso Alberto Floret, segue à frente da Folha do ABC, ao lado das filhas, a jornalista Beatriz e a engenheira civil, Nicole, seguem em frente com a mesma fibra, mesma dedicação, persistência e compromisso inegociável com a credibilidade.
Procuramos editar um jornal com independência e imparcialidade, que nem sempre são compreendidas por alguns leitores. Mas, a grande maioria dos formadores de opinião do ABC transformou este jornal em leitura semanal obrigatória para saber o que realmente acontece na região. Por tudo isso, temos que agradecer.
O jornalismo atual atravessa um momento ímpar na história. A tecnologia e a expansão da conectividade reduziram as fronteiras da informação, ampliando o acesso ao conhecimento de uma maneira jamais vista. Porém, vive-se um tempo paradoxal. Nunca se produziu tanto conteúdo e, ao mesmo tempo, nunca foi tão difícil distinguir a informação confiável da narrativa direcionada aos interesses de determinados grupos, seja político ou econômico.
Em meio ao ruído ensurdecedor das redes sociais, o jornalismo precisa manter a sua missão original: servir à verdade, contribuir para o bem comum, de maneira imparcial e independente.
As notícias não podem ser contaminadas pelo achismo ou pelo clima de militância, radicalização e politização que contamina o Brasil, seja qual lado for. O conteúdo jornalístico não pode ter lado, não pode ser militante, nem a favor ou contra figuras ou partidos políticos. O dever do jornalista é um só: informar a sociedade sobre os fatos, os acontecimentos com imparcialidade e independência, sem distorções ou manipulação da realidade.
A imprensa e a democracia devem ser indissociáveis. Nenhuma sociedade livre pode abrir mão de informação independente, produzida com responsabilidade, rigor e transparência. Informação sem jornalismo é propaganda e manipulação.
O jornalismo profissional sempre foi o alvo preferencial dos que aspiram o poder sem limites. Muitos políticos fazem da imprensa um inimigo a ser desmoralizado, combatido, desvalorizado e, se possível, silenciado. Utilizam da tática de acusar a imprensa de fabricar fake news para justificar suas próprias falsificações. Assim, dialogam com a sociedade sugerindo o descrédito da mídia. Somado a isso, a busca frenética por cliques levou parte da imprensa a sacrificar a imparcialidade em favor de narrativas e conteúdos engajados e sensacionalistas.
Portanto, defender a liberdade é um imperativo para quem tem compromisso com a busca da verdade e com a credibilidade, princípios que orientam este jornal há mais de meio século. É uma missão que se renova diariamente.
Temos a certeza de que a liberdade de imprensa é caminho indispensável ao desenvolvimento do ABC e do país. Afinal, não existe democracia sem liberdade de imprensa.
Assim, seguiremos sempre em frente. A todos que nos apoiam e nos permitem continuar essa jornada de ética, credibilidade e independência, o nosso sincero agradecimento.
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