Editorial

A proibição dos smartphones nas escolas

O projeto que limita o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o país foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem vetos, na segunda (13). A nova lei proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos. O texto da lei determina que a regra vale para Educação Básica, que abrange pré-escola, ensino fundamental e ensino médio.
Estudantes ainda poderão portar celulares nas escolas, mas o uso será restrito a situações excepcionais, como emergências, necessidade de saúde ou força maior. Nas salas de aulas, o uso de aparelhos eletrônicos pessoais está permitido para fins pedagógicos ou didáticos, conforme orientação do professor; garantir a acessibilidade e a inclusão e atender às condições de saúde dos alunos e garantir “direitos fundamentais”.
Após a sanção do presidente, o projeto ainda precisa ser regulamentado, mas o ministro da Educação, Camilo Santana, informou que as escolas já poderão implementar as regras a partir de fevereiro, no início do ano letivo. Haverá um período de adaptação para as redes de ensino.
A fiscalização caberá a cada escola, com local de armazenamento dos celulares, seja nas próprias mochilas dos estudantes, ou áreas específicas.
A medida se fez necessária. Atualmente, segundo estudos do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), 80% dos estudantes brasileiros relataram distrações durante as aulas, bem acima da média de outros países, como Japão (18%) e Coreia do Sul (32%).
De acordo com o relatório, estudantes que passam mais de cinco horas diárias conectados obtiveram, em média, 49 pontos a menos em matemática do que aqueles que utilizam os dispositivos por até uma hora.
Não é novidade os impactos negativos do uso excessivo dos celulares, não só para estudantes, mas para toda a população. Ao longo das décadas, a humanidade sempre colocou na tecnologia a esperança de um futuro cada vez mais conectado, próximo e moderno, e a internet parecia ter todas as condições para realizar esse sonho. Apesar dos avanços e benefícios, os efeitos colaterais têm devastado as relações humanas.
A ininterrupta conectividade acaba gerando vício nas telas, a democratização do conhecimento é norteada pelo controle algorítmico e ameaçada pela instantaneidade das fake news e intensa e interação social tem evidenciado e ampliado diversos preconceitos.
Além disso, estar conectado ou online na maior parte do tempo, antes visto como algo que aproximava as pessoas, principalmente, com as redes sociais, acaba sendo prejudicial. O consumo excessivo de redes sociais está associado a transtornos de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental entre as pessoas e os jovens, em sua maioria.
Por isso, restrições no uso do celular nas escolas foi um passo fundamental para auxiliar os estudantes brasileiros a melhorar a concentração e consequentemente a qualidade do aprendizado. Contudo, é necessário a conscientização dos danos e malefícios do excesso do uso dos celulares e de estar online quase que ininterruptamente.
Atualmente, é comum ver pessoas andando nas calçadas mexendo nos celulares, e pouco olhando ao redor, em consultórios médicos e odontológicos quase não há mais revistas, todos ficam aguardando o atendimento olhando para seus smartphones. Nos clubes, crianças já trocam os tibuns por clicadas nos celulares e jovens se reúnem, mas cada um mexe no seu aparelho. O silêncio só é quebrado para comentar algo visto nas telas. Pais deixam de desfrutar momentos com filhos, para checarem as notificações nos celulares. Nos restaurantes, quantos são os que não colocam os aparelhos em cima da mesa para ficarem olhando a cada instante?
Exemplos do uso excessivo não faltam e dos malefícios também. É preciso que haja conscientização e limites, pois a atual relação dos brasileiros com seus aparelhos não está nada saudável e consequências piores poderão acontecer caso não haja mudança.

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