Nos últimos dois anos, o boom imobi-liário tomou conta de Santo André, São Bernardo e São Caetano. As principais construtoras da capital praticamente arremataram todos os grandes terrenos disponíveis nessas três cidades para erguerem dezenas de torres. Os altos preços dos terrenos e dos imóveis na capital trouxeram as grandes construtoras para região. E o que se vê, como nas proximidades do Paço de São Bernardo, a enorme área verde da Fiação Tognato está se transformando numa imensa favela de cimento, com prédios altos demais e de um mau gosto danado. Quer dizer, a beleza das torres ficam apenas na capital. O ABC, área industrial e com milhares de trabalhadores, serve apenas para ter um espaço para se morar. Assim, as torres erguidas são de um tremendo mau gosto. Há raras exceções.
Além disso, as pessoas que compra-ram apartamentos, nessas torres das construtoras da capital, precisam tomar muito cuidado com tipo de construção que está sendo feita. Matéria publicada pela Folha de São Paulo, no domingo (5), no caderno de classificados de imóveis, revela que “o número de reclamações de paulis-tanos contra construtoras cresceu 123% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, segundo o Procon-SP. A alta é bem maior do que a do número de unidades comercializadas no mesmo período – variação de 18,3% entre os primeiros semestres de 2009 e de 2010, segundo o Secovi-SP”. As recla-mações, em sua maioria, são pelo atraso na entrega de imóveis adqui-ridos na planta, pois “a cada 200 com-pradores prejudicados, só um pede indenização”. Segundo o Procon-SP, “as construtoras que têm mais quei-xas são Tenda, Gafisa (do mesmo gru-po empresarial) e Cyrela, que não re-conhecem os dados levantados pelo es-critório de advocacia Tapai Advoga-dos, de que o número de processos judi-ciais contra as construtoras aumentou 50% de 2009 a setembro de 2010”.
A matéria também orienta os com-pradores de apartamentos na planta de como devem proceder ao oficia-lizar as reclamações. A Associação Brasileira dos Mutuários da Habi-tação (ABMH) revela que “para questionar a qualidade de um serviço, o mutuário deve provar o motivo da insatisfação”, isto é, as reclamações devem ser sustentadas por prova. Isso pode ser feito por meio de “peças publicitárias, imagens de outdoors, contratos, documentos e fotos de defeitos ou problemas são suficientes para o processo ter continuidade. Se houver atraso na entrega, há três formas de recorrer: rescindir o contrato, exigir a liberação do imóvel por via judicial ou pedir indenização ao fim da obra. Os gastos devem ser ressarcidos pela construtora, como o aluguel e casamento remarcado”. Por outro lado, é importante acom-panhar as assembléias dos compra-dores que se sentem lesados, pois servem para a discussão dos proble-mas coletivamente.
Espera-se que, assim, os compra-dores de apartamentos na planta do ABC estejam preparados para en-frentar futuramente os problemas que surgirem na construção de seus prédios.