Conversas de Memória

Comunicação de outrora (cartas, cartões, telegramas, telefone…)

A comunicação foi fundamental para o desenvolvimento da espécie humana, desde a pré-história até nossos dias e, certamente, assim será nos tempos futuros.
Vivemos hoje numa realidade permeada e, mesmo, condicionada, por recursos de comunicação que aproximam o distante, reduzem ao extremo o tempo entre os acontecimentos e sua divulgação, enfim, um mundo só concebível nas produções de ficção científica em tempos passados.
Tendo em vista essa transformação radical e constante, na quarta (28), o Centro de Memória, da Secretaria de Cultura e Juventude, da Prefeitura de São Bernardo, realizou mais um encontro de Conversas de Memória, buscando recuperar a memória de outros momentos, onde o tempo era mais longo, a espera paciente fazia parte do cotidiano, uma vez que a comunicação entre os distantes se dava por meio de cartas, telegramas, cartões, ligações telefônicas e outros…
Se nos afastarmos ainda mais no tempo, temos a comunicação através de sinais de fumaça, de fogueiras, dos sinos…
Por volta de 1830, havia um sistema de telégrafo, que funcionava com jogo de espelhos, estando um localizado na Estrada do Vergueiro (Telégrafo do Pico) e outro no Monte Serrat, na Baixada Santista.
Mas, sem irmos tão longe, a pergunta norteadora: qual a última carta que você escreveu ou recebeu?
Parece algo tão próximo, que até ontem escrevíamos cartas, enviávamos cartões de natal, cartões postais etc., mas já não é tão fácil se lembrar da última vez…
Foi lembrado que nos anos 60/70 existia uma agência de correios na Rua Marechal Deodoro, onde as pessoas que tinham mais posses, ou que usavam mais o serviço dos correios, tinham uma caixa postal para receber as correspondências, jornais de fora e outras encomendas. Para aqueles que não possuíam, nos fundos da agência tinha um local denominado “posta restante”, onde todas eram colocadas e ficavam aguardando que o interessado lá fosse retirar. Havia casos em que a pessoa já aproveitava e levava as correspondências de vizinhos e conhecidos.
O sistema de telefonia também era muito precário, especialmente para ligações de longa distância. Poucas pessoas tinham telefone em casa, então era comum utilizar o número do vizinho para recados. Quanto às ligações de longa distância, havia necessidade de ir à telefônica e solicitar a ligação para a telefonista. Muitas vezes voltava-se para casa, só retornando à agência de telefonia horas mais tarde para ver se a telefonista havia conseguido a ligação. E, quantas vezes, depois de horas de espera, ao começar a ligação esta caía! Havia necessidade de começar todo o processo novamente… Foi lembrado o nome de Aurora Bertazzo, telefonista em São Bernardo por muito tempo…
Mais breves e rápidos que as cartas, os telegramas, com três ou quatro palavrinhas, que queriam dizer muita coisa, sempre impactavam…
Com o uso intensivo dos correios, o serviço de entrega de correspondência foi sendo aprimorado. Cartões de Natal, cartões postais, convites, cobranças… tudo era através dos correios. Para cartas internacionais havia um envelope específico, com as bordas tracejadas em verde e amarelo. Inclusive os papéis do envelope e da carta eram mais finos, para reduzir peso e, consequentemente, os custos de envio.
Em falando de papel de carta, houve época em que as gráficas imprimiam papéis decorados, usados especialmente para cartas românticas, os quais as adolescentes faziam coleção.
As cartas foram emissárias de notícias – boas ou ruins – , de sentimentos, romances, namoros e desilusões amorosas… eram esperadas com ansiedade…
Rubem Alves, ao falar do significado das cartas de amor, assim se expressou:
“Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel.” Na verdade, todas as cartas têm um pouco essa potencialidade, de ir além do seu conteúdo, de aproximar distantes a partir da materialidade do papel…
O Poupatempo mantinha, até a pandemia, um programa denominado “Escreve Cartas”, onde voluntários se propunham a redigir as cartas para as pessoas que tivessem dificuldade de fazê-lo. Eram cartas pessoais, para emprego, programas de TV, rádio etc.. Dina, Marlene e Lúcia participavam do projeto.
Já não mais com a frequência e quantidade de outrora, as cartas ainda continuam fazendo parte do nosso cotidiano.
E você, quando escreveu ou recebeu a última carta?

Jorge Magyar

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