Editorial

Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água é celebrado, neste sábado (22) de março. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos.
Estima-se que apenas 0,77% esteja disponível para o consumo humano. No entanto, essa quantidade não está distribuída igualmente pelos territórios e há locais com escassez do recurso, tanto que, de acordo com a ONU, aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável gerenciada com segurança, o que significa que 115 milhões de pessoas bebem água contaminada.
O consumo de água é intenso, diariamente, em todo o mundo. Utiliza-se a água para as tarefas domésticas, para o trabalho, cuidados com a família, higiene, etc. São necessários 50 litros de água por pessoa por dia para atender às necessidades básicas de higiene e higiene alimentar, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e cerca de 70% de todas as extrações de água doce são feitas na agricultura, 20% nas indústrias e 10% nos municípios, de acordo com a ONU.
A água está em lagos, rios, córregos e também abaixo do solo, chamada de água subterrânea. Muitos não sabem, mas a população paulista depende das águas subterrâneas, como alertou José Renato Nalini, secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo, em um de seus artigos. Mais de 75% dos municípios do Estado são abastecidos por aquíferos e cerca de 6 milhões de paulistas, diariamente, utilizam esse recurso, sendo que boa parte do estado já sofre de escassez hídrica.
Além da escassez, a poluição causada pelas atividades humanas é uma outra ameaça aos recursos hídricos, posto que torna a água disponível se torna imprópria para o consumo. De acordo com a ONU, 1 em cada 3 pessoas no mundo não possui acesso à água potável. Ainda de acordo com a ONU, no mundo, três bilhões de pessoas não possuem instalações básicas para lavar as mãos de forma adequada e, no Brasil, estatísticas mostram que 35 milhões de pessoas não contam com água encanada para lavar as mãos. Esse quadro é preocupante, pois está relacionado com uma série de doenças, e o simples hábito de lavar as mãos pode prevenir várias doenças.
A contaminação dos lençóis freáticos pelo esgoto não tratado também é alta. Apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento. Isso quer dizer que os outros 55% são despejados diretamente na natureza, o que corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase 6 mil piscinas olímpicas de esgoto por dia.
E, por incrível que pareça, até a água tratada, ao ser distribuída, é desperdiçada no Brasil. Os dados sobre o desperdício no País são alarmantes. Em 2016, 38,1% do volume de água tratada se perdia no processo de distribuição; já em 2021, o índice cresceu, alcançando 40,1%, segundo o levantamento patrocinado pelo Instituto Trata Brasil. O volume perdido seria suficiente para abastecer regularmente mais 66 milhões de brasileiros.
Os índices de desperdícios do Brasil são maiores do que os de países como Camarões (39,5%), África do Sul (33,7%), Etiópia (29%) e Reino Unido (20,5%). Mesmo assim, se o País reduzisse as perdas para 25%, o volume poupado seria suficiente, não só para abastecer cerca de 40 milhões de brasileiros, mas o volume economizado da água retirada da natureza ajudaria a manter os rios e reservatórios em patamares elevados.
Portanto, é notório que o país esteja no limite para viver mais um caos, a crise da água. É preciso que os governos, federal, estadual e municipais, e toda a população, estejam alertados para este problema e, assim, possam evitar mais uma tragédia num futuro próximo. Fazendo o bom uso da água, preservando as fontes naturais e evitando a poluição e o desperdício, o recurso não irá faltar.

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