O Dia Mundial do Meio Ambiente foi comemorado na quarta (5) de junho. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, com objetivo de buscar chamar a atenção para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, até então, considerados, por muitos, como inesgotáveis.
Em 5 de junho de 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi instituído pela ONU. Nessa conferência, que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo, iniciou-se uma mudança no modo de ver e tratar as questões ambientais ao redor do mundo e foram estabelecidos fundamentos para nortear a política ambiental em todo o planeta.
Apesar do grande avanço que a conferência representou, não se pode afirmar que os problemas foram resolvidos a partir daí.
Os principais problemas ambientais que existem no Brasil e no mundo são ocasionados pela intensificação das atividades humanas, e têm se agravado, mesmo com as singelas iniciativas em prol do meio ambiente.
Recentemente, o país já foi acometido por duas grandes tragédias por conta de mudanças climáticas, a de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, em fevereiro de 2023, quando deslizamentos de terra provocados por um temporal histórico causaram 65 mortes e destruição na região. E a tragédia do Rio Grande do Sul com as enchentes e alagamentos, que atingiu 2,3 milhões de pessoas, deixando milhares de pessoas com suas casas, móveis, eletrodomésticos, livros e memórias destruídos. Morreram 157 pessoas e 88 ainda estão desaparecidas.
Casos como esses demonstram a incipiência e a falta de preparo por parte do poder público em lidar com eventos climáticos extremos.
Situação essa, da qual o ABC também se insere. Até a catástrofe do Rio Grande do Sul, a pauta ambiental passava quase despercebida entre as prioridades dos governantes locais.
O Consórcio Intermunicipal, que reúne algumas das Prefeituras do ABC, elaborou, em 2016, estudo sobre as emissões dos gases de efeito estufa na região, que originou, em 2017, a elaboração de um Plano de Mudanças Climáticas do ABC. Porém, o tema não foi tratado até hoje pelos prefeitos. Agora, o Consórcio busca mitigar esse atraso e anunciou que irá focar em três linhas no tratamento das Mudanças Climáticas: a elaboração de um Plano Regional de Arborização Urbana, Plano de Risco de Macro e Microdrenagem e na mudança do padrão energético da frota do ABC.
Em relação aos municípios, não foram divulgadas ações específicas e pontuais de combate ou prevenção contra os eventos climáticos extremos.
Além disso, outro ponto que merece destaque, mas também ainda não recebe a importância necessária por parte das Prefeituras é a manutenção e acompanhamento das árvores das cidades. Muitas delas são suprimidas com bastante facilidade, principalmente no que tange a obtenção de autorização por parte das Prefeituras. Também, nunca é informado o local do plantio de novas mudas.
Recentemente, em reunião da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC), o vice-presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, revelou um dado alarmante, ao discutir sobre o novo Plano Diretor de São Bernardo: o Índice de Áreas Verdes (IAV) da cidade. Em relação às áreas verdes, há média de 9.54 m² por habitante, sendo que em 15 bairros esse índice é menor do que 3 m² por habitante e a recomendação da ONU é de que esse índice seja de 12m² por habitante, ou seja, a situação já é bastante crítica e, ainda, pouco vem sendo feito para reverter este cenário alarmante.
Portanto, é necessário mais empenho e união, por parte dos governantes, para que, enfim, a pauta ambiental e as mudanças climáticas entrem no hall de prioridades e recebam a devida importância. Em pleno ano eleitoral, é bem difícil acreditar que algo seja feito, porém, a natureza já tem emitido alertas de que a situação irá piorar e, até o momento, eles têm passado despercebidos ou ainda têm sido deixados de lado, em segundo plano, por parte dos nossos prefeitos. Deixar para amanhã pode ser tarde demais, novas tragédias poderão se repetir e o ABC não está imune a nenhuma delas.