A Volkswagen do Brasil anunciou, no início deste ano, R$ 16 bilhões em investimentos para as quatro fábricas que mantém no país. É um dos maiores montantes para o País, onde a expectativa é lançar 16 novos veículos até 2028. No fim de outubro, a montadora celebrou o início da produção do Novo Nivus na fábrica da Anchieta, em São Bernardo. O modelo é o primeiro da Volks 100% desenvolvido na América do Sul.
O mercado brasileiro é o terceiro em vendas da montadora, atrás somente da China e da Alemanha. Em 2023, foram vendidos no país 345 mil veículos Volkswagen.
O cenário, no entanto, não é tão promissor. O CEO da multinacional no Brasil, Ciro Possobom, afirmou, em recente entrevista ao jornal O Globo, que a Volkswagen do Brasil tem perdido competitividade na exportação, onde, anos atrás, foram 700 mil unidades e, este ano, serão 350 mil. O executivo revelou que a montadora tem perdido mercado nos países do Pacífico e América do Sul e que a logística e carga tributária atrapalham o desempenho no país. Possobom se diz ainda preocupado com o equilíbrio fiscal e afirma que decisões de investimentos são tomadas em um ambiente economicamente estável. O CEO se diz otimista em relação a Reforma Tributária. Hoje, no Brasil, são 40% de impostos num carro novo, enquanto nos Estados Unidos são 7%.
Na Alemanha, a montadora anunciou esta semana que pretende fechar três fábricas. Segundo a chefe do conselho de trabalhadores da empresa, Daniela Cavallo, a administração também planeja cortes em outros locais e que todas as fábricas alemãs poderão ser afetadas.
O CEO Oliver Blume citou a entrada de novos concorrentes nos mercados europeus e a deterioração da Alemanha como local de fabricação e a necessidade de “agir de forma decisiva”. A montadora tem enfrentado concorrência cada vez maior de carros elétricos chineses de baixo custo. A Volkswagen do Brasil afirmou, em nota, que não comenta sobre temas da Alemanha. A montadora afirma que tem uma história sólida de 71 anos no Brasil, sendo em 2024, a marca de volume que mais cresce em número de unidades vendidas no País.
O anúncio do fechamento das fábricas na Alemanha foi visto com preocupação pelo Sindicado dos Cegonheiros (Sinaseg). “Vamos acompanhar a anunciada onda de demissões da montadora com atenção porque vivemos um bom momento no País e precisamos garantir que o mercado nacional seja mais fortalecido”, afirmou José Ronaldo Marques, o Boizinho, presidente do Sinaseg.
Apesar das notícias da Alemanha, o cenário brasileiro é positivo. Segundo a ANFAVEA, o terceiro trimestre de 2024 foi o melhor em cinco anos, com 715 mil veículos produzidos, um aumento de 19% em relação a 2023. “Houve um crescimento no mercado nacional e os números tendem a subir”, afirmou Boizinho.
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