Editorial

O Dia do Trabalho

   O Dia do Trabalho foi celebrado na quarta (1) de maio. Neste ano, completou 100 anos de exis-tência como feriado nacional no Brasil. A data, comemorada internacionalmente, remete à luta histórica dos trabalhadores para conquistar melhores condições de trabalho e redução das jornadas diárias, e teve origem no movimento grevista organizado por trabalhadores em Chicago (EUA), no final do século XIX.
   Na época, era comum que os trabalhadores tivessem jornadas de trabalho de 12 horas por dia. Em busca da redução do expediente, trabalhadores de Chicago (EUA) organizaram uma greve para o 1º de maio de 1886.  Estima-se que a greve geral mobilizou 340 mil trabalhadores por todo os Estados Unidos.
   No dia 3 de maio, alguns trabalhadores foram mortos por policiais, e, no dia seguinte, milhares se reuniram na Praça Haymarket para protestar. O protesto, que era pra ser pacífico, tornou-se um grande massacre promovido pela polícia norte-americana.
   Três anos depois do protesto, que ficou conhecido como o “Massacre de Chicago”, em 1889, um congresso em Paris, na França, passou a difundir o 1º de Maio como uma data em memória aos grevistas de Chicago. De tal modo, a data passou a ser um símbolo da luta pelas causas trabalhistas, sobretudo a redução da jornada de trabalho.
   O 1º de Maio é a única data não religiosa com abrangência global, sendo celebrado em mais de 150 países. No Brasil, a data tornou-se oficial durante o governo do presidente Artur Bernardes (1922-1926), mas foi durante o governo de Getúlio Vargas (1937-1945), que o caráter político da data chegou ao auge.
   No Estado Novo, do governo Vargas, a data passou a ser um marco para anúncios de reforma na legislação trabalhista. Assim ocorreu em 1940, com o decreto do salário mínimo; em 1941, com a criação da Justiça do Trabalho e, em 1943, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
   Atualmente, a data ainda representa a luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e não deixou de ter conotação política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta (1), durante participação, do ato 1º de Maio Unificado, em comemoração ao Dia do Trabalhador, em São Paulo, sancionou a Lei 14.848/2024 que altera valores da tabela progressiva mensal do Imposto de Renda (PL 81/2024), com a ampliação da faixa de isenção do para quem ganha até dois salários mínimos, e assinou o decreto de promulgação da convenção sobre o trabalho decente para trabalhadoras e trabalhadores domésticos.
   Na ocasião Lula revelou que a economia brasileira “já voltou a crescer” e o salário “já voltou a crescer”. Também relembrou a promessa de sua campanha: “até o final do meu mandato as pessoas que ganham até R$ 5 mil não pagarão imposto de renda (…) a palavra continua de pé”, afirmou. O tom político do ato subiu, com a presença do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL). Lula classificou a eleição deste ano em São Paulo como “verdadeira guerra” e pediu para seus eleitores votarem no deputado.
   O governador Tarcísio de Freitas também fez acenos aos trabalhadores. Na terça (30) de abril, enviou a proposta à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), com valor 16,1% acima do salário mínimo do governo federal, estabelecido em R$ 1.412 desde o início deste ano. “Mais uma vez, nossa proposta é que o piso estadual tenha aumento real acima da inflação. Contaremos com os deputados estaduais para que o salário mínimo paulista de R$ 1.640 seja aprovado com celeridade”, afirmou.
   Contudo, ao longo das últimas décadas e até os dias de hoje, os movimentos em prol de benefício dos trabalhadores estão sempre relacionados à política e, de certo modo, perderam a sua espontaneidade. O trabalhador brasileiro continua insatisfeito com sua realidade econômica, mas não protesta por livre e espontânea vontade por melhores condições.