Os professores, uma das profissões mais importantes da sociedade, tiveram seu dia celebrado, na quarta (15). Entretanto, o merecido reconhecimento tem sido cada vez mais deixado de lado. Os docentes sofrem com a desvalorização seja pelos baixos salários, condições de trabalho precárias, doenças ligadas ao estresse, à saúde mental e até com casos de agressões por alunos e violência nas escolas. Assim, o Brasil já corre risco de um verdadeiro “apagão de professores” nos próximos anos.
No País, há cerca de 2,3 milhões de professores, de acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE. A maioria são mulheres, em quase todas as diferentes áreas. As exceções são entre professores do ensino superior, em que elas respondem por 48,8% do total de ocupados, e entre os professores de música, com apenas 35,8%. Entre os 1,2 milhão de professores do ensino fundamental, elas são 82,3%.
Mesmo as professoras sendo a maioria dos docentes, o rendimento mensal médio dos homens é de cerca de R$ 5.184, ante R$ 3.708 para as mulheres, ou 40% a mais para eles. Já os docentes universitários, cerca de 115 mil trabalhadores, de acordo com o Censo 2022, têm rendimento médio de R$ 10.454. E a diferença entre homens e mulheres também existe: eles ganham 19% a mais, em média.
O trabalho precário de professores no Brasil também merece alerta. Não só a baixa remuneração, mas a sobrecarga de trabalho e desvalorização profissional resultam na evasão da carreira e déficits de docentes. A precarização inclui a necessidade de trabalhar em múltiplos empregos, com salas de aula lotadas, falta de tempo para planejamento e atualização, e contratos flexíveis que afetam a estabilidade dos professores.
Além disso, há os casos de violência contra professores, que incluem agressões verbais, físicas e ameaças. A violência tem crescido e pode ser motivada pela falta de segurança e desinteresse dos alunos, seja por problemas familiares, desinformação ou, até mesmo, extremismo político.
Esse cenário tem resultado em grande desgaste físico e psíquico. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) classifica a docência como uma das profissões mais estressantes do mundo. Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, coordenado pelo Ministério Público do Trabalho, houve um aumento de 66% na concessão de benefícios previdenciários associados à saúde mental, acidentários e comuns para profissionais da educação infantil ao ensino médio entre 2023 e 2024.
Mais de 150 mil professores da rede pública brasileira foram afastados de suas funções em 2023 por motivos relacionados à saúde mental, segundo levantamento da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) com base em dados do INSS. A principal causa dos afastamentos foi o esgotamento emocional, um quadro frequentemente diagnosticado como transtorno depressivo ou burnout.
Como se tudo isso não bastasse, ainda há o constante desafio diário de, em uma realidade na qual os alunos estão conectados e acostumados com o imediatismo do mundo virtual, de fazer com que os conteúdos ensinados sejam tão atraentes quanto os vistos nas telas dos aparelhos de celular, ainda que haja restrição ao uso em salas de aula.
Apesar dos enormes desafios, a docência é fundamental para a sociedade. Afinal, os professores são vitais para a formação de todos os outros profissionais. A influência dos professores vai além do conteúdo acadêmico, impactando o desenvolvimento integral dos alunos de várias formas e desde a infância até a especialização em áreas específicas. Parabéns aos professores!














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