AME Memórias de São Bernardo

Os presépios me fascinam

Os dois primeiros presépios da coleção

Desde que eu me lembre, sempre tive fascínio presépios. Com poucos anos de idade, como não tínhamos condições de comprar um presépio, minha irmã Neide, menina ainda, mas oito anos a mais do que eu, manuseava o barro de um rio que tinha nos fundos de nosso quintal, no Bairro Assunção, em São Bernardo. Ela criava figuras referentes ao nascimento de Jesus. Depois, juntávamos pedras, musgos e plantinhas e, pronto: tínhamos um presépio! Assim podíamos comemorar aquele acontecimento tão importante! Como as toscas imagens eram moldadas sem nenhuma técnica, o barro rachava e tudo se desintegrava logo após o Natal.
Quando eu tinha oito anos, nos mudamos para o centro da cidade, mas logo meu pai, Angelo Breda faleceu e chegando o Natal, pedimos um presépio e, minha mãe, Lidia Secol Breda, sem recursos financeiros conseguiu comprar apenas a Sagrada Família. Para nós foi uma imensa alegria. E assim foi: a cada ano: ela comprava duas ou três figuras para se juntarem a um cenário com casinhas, pessoas, animais, matinhos, ruelas, pinheirinhos, rio – um pedaço de espelho! Durante o período natalino, meus irmãos Jandira, Neide, Cleide, Vilma, Angelo e eu ficávamos em volta da mesa admirando aquela pequena “réplica da cidade de Belém” e, após o Natal, toda manhã fazíamos os Reis Magos “andarem” até chegarem, no dia 6 de janeiro na manjedoura que abrigava o Salvador. Os anos se passaram e montar o presépio, agora com muitas peças, em nossa família, se tornou uma tradição realizada com muita alegria e emoção.
Quando me casei, quis um presépio para meu novo lar. Na vitrine de uma loja, fiquei em dúvida sobre dois. Então, meu marido, Antonino Assumpção, resolveu: entrou na loja e me presenteou com os dois. Entretanto, quando eu me deparava com presépios, ficava tão entusiasmada que não resistia e os levava para casa. Os amigos também começaram a me presenteá-los. E assim, fui comprando e ganhando. Sem intenção vi que havia iniciado uma coleção.
Por isso, cada vez minha coleção aumenta. Minha família e meus amigos colaboram para aumentar meu acervo, inclusive há aqueles talentosos que os criam especialmente para mim. Hoje possuo 1.062 presépios! Procedem de quase todos estados brasileiros e de 60 países! Na minha coleção estão os dois primeiros que meu marido me ofertou e também, aquele que minha mãe foi comprando aos poucos e, desde o seu falecimento há dezoito anos, faz parte de meu acervo.
Os Reis Magos doaram presentes à criança nascida em Belém. Em minha vida há muitos reis magos que são representados por tantas pessoas queridas que me presenteiam com presépios. Sou grata à minha família e aos meus amigos que os compram ou os confeccionam. Para mim é uma bênção porque posso desfrutar da presença constante de muitos Meninos Jesus. Sinto-me privilegiada em poder mostrar este meu tesouro que simboliza a fé, a esperança e o verdadeiro sentido do Natal.

Hilda Breda – integrante da AME – integrante da Ame (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo)

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