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Barsella: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”

Publicado em Saúde
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Mediante todas alterações causadas no organismo o tratamento da dor deve ser sempre estimulado pois, visa ao benefício e reabilitação do paciente, seja este portador de uma dor aguda ou uma dor crônica. A dor aguda pode ser exemplificada pela dor pós-operatória, na qual quando não tratada adequadamente poderá evoluir para dor crônica, onde os prejuízos às atividades cotidianas são mais danosos ainda.

A dor pós-operatória quando não tratada adequadamente pode levar a problemas cardiovasculares, problemas respiratórios, retardo na alta hospitalar, aumento de custos hospitalares, demora na reabilitação. Estima se que em cada quatro pessoas que sofram uma intervenção cirúrgica, somente uma tenha um tratamento adequado com relação a dor. Os sintomas relacionados a dor aguda são na maioria das vezes protecionistas, eles indicam que o corpo apresenta uma lesão e devemos tomar cuidado para com isso. Os sintomas são subjetivos, cada qual descreve a dor como a sente, tal qual em pontada, latejante, em agulhada, choque, etc, e isso tem extrema importância para diagnosticarmos o tipo de dor e seu adequado tratamento com o uso certo de medicações. 

A gestão da dor não é uma responsabilidade exclusive dos médicos; sempre que se preveja a ocorrência de manifestação álgica ou pela avaliação ou que seja evidenciada a presença da mesma; o enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista, ou qualquer outro profissional da saúde deve também agir na promoção de cuidados para minimizar as queixas para níveis considerados aceitáveis para o indivíduo.

 A definição mais aceita atualmente para descrever foi elaborada pelo grupo de taxonomia da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) e consiste em: experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial”. 

A dor é um dos sintomas mais dramáticos nas diferentes formas de apresentação das doenças. É através da dor que uma grande parte das doenças se manifesta. É ela que leva um grande número de indivíduos a procurar os serviços de emergência, que interfere na atividade cotidiana das pessoas, que desperta um grande temor naqueles a serem submetidos a procedimentos cirúrgicos, e que transtorna a vida dos portadores de doenças crônicas. A dor é de caráter subjetivo, depende do limiar de sensibilidade, do estado emocional, bem como de vários outros fatores.

Atualmente, temos principalmente para o tratamento da dor aguda pós-operatória, o tratamento multimodal da dor, que envolve várias classes de medicamentos com doses menores de cada um, mas em ação sinérgica possibilitando melhor ação e diminuição dos efeitos colaterais. A dor aguda vem quase que sempre associada a algum tipo de lesão, logo, ela tem um caráter protecionista, ela tem sua resolutividade no período adequado de recuperação, esta dor aguda não tratada adequadamente pode evoluir para a dor crônica. A dor crônica ocorre quando persiste a dor ou ocorre por mais de três meses, podendo estar associada ou não a alguma lesão do tecido.

A cirurgia ortopédica é bastante conhecida por sua dor pós-operatória. Muitas pessoas, mesmo antes de operar, já questionam seus médicos. Normalmente, já ouviram de outras pessoas que a recuperação desse tipo de intervenção cirúrgica é muito dolorida. Em alguns casos, isso acaba influenciando muito na decisão do paciente fazer ou não a cirurgia.

No Ifor, hospital especializado em ortopedia em São Bernardo, pertencente à Rede D’Or São Luiz, maior operadora de hospitais privados do país, o hospital considera a dor como um quinto sinal vital a ser checado para ajudar na recuperação e diminuir o sofrimento pós-operatório do paciente. Esta medida faz parte do protocolo de dor implantado desde 2014.

“A dor é pensada antes mesmo do início da cirurgia, acelerando a melhora do paciente após o procedimento. Isso é passado de um médico para outro, uma forma de educação continuada do hospital”, explica o diretor clínico e anestesista do Ifor, Augusto Rafael Barsella (foto).

A avaliação da dor como quinto sinal vital é descrita pela Agencia Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor como devendo ser registrada, ao mesmo tempo, como outro sinais vitais tais como frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura e pressão arterial. Considerar a dor como o quinto sinal vital é uma maneira de melhorar a qualidade do atendimento do paciente, facilitando a avaliação do mesmo e seu controle mais adequado, pois se a dor for avaliada rotineiramente, com certeza seu tratamento será otimizado.

A dor, como tudo que é próprio do homem é uma construção social, cultural e política dentro de limites infinitamente variáveis. A dor é um fenômeno biopsicossocial e não deve ser encarada de um ponto de vista estritamente orgânico, mas em toda a plenitude de suas repercussões psicológicas, espirituais, familiares e comunitárias. O paciente é portador de desejos e valores que anseiam por serem contemplados; e muitas vezes escutá-los com atenção e discuti-los com honestamente é o melhor remédio.

Todos os dias, após avaliar temperatura, pressão arterial e frequências cardíaca e respiratória, a equipe de enfermagem executa o protocolo de escala numérica dos níveis de dor, com a ajuda de uma régua que é apresentada ao paciente, com níveis que podem variar de: ausente, leve, moderada ou intensa. Com base nas informações coletadas pelos enfermeiros, os médicos alteram as prescrições e podem aumentar ou diminuir a dosagem ou o tipo de medicamento prescrito. Além do trabalho feito pelos profissionais multidisciplinares, o paciente também tem um papel importante em sua recuperação e na avaliação da própria dor. A partir de um equipamento chamado PCA, responsável pelo controle da analgesia, ele pode liberar a própria medicação, em quantidade pré-determinada pela equipe médica, e quando houver uma demanda de dor maior pelo paciente.

A dor crônica é reconhecida como um estado doloroso que ultrapasse seu tempo normal de cura e que tenha uma duração de pelo menos três meses. Tem grande impacto sobre as atividades diárias dos pacientes, levando o a concentrar-se quase exclusivamente na dor. Esta tendência conduz a um ciclo vicioso de dor, falta de atividade, medo, depressão e mais dor. Nos países europeus a dor crônica se apresenta como a principal causa de invalidez em adultos, com prevalência de 12 a 30%, com uma média de afastamento das atividades laborais por sete anos, provocando perda de produtividade e aumento dos gastos no sistema de saúde. Em estudo realizado em ambulatórios de dor, por todo o Brasil, observou se que existe uma forte interferência da dor na vida ocupacional dos pacientes portadores de dor crônica, uma vez que cerca de 70% dos pacientes entrevistados estavam afastados de suas atividades laborais e sem remuneração.

 

Augusto Rafael Barsella

Diretor Clínico e Coordenador Grupo de Anestesia do Hospital Ifor

Rede D´Or São Luiz

Sócio Fundador Empresa ADOR

Fundador Empresa – Médico de Dor

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