Quinta Avenida

Carlos Lyra – expoente da bossa nova

Carlos Eduardo Lyra Barbosa (Carlos Lyra), nasceu no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Filho mais velho de José Domingos Barbosa, um oficial da Marinha e D. Helena Lyra Barbosa. Cantor, violonista e compositor brasileiro. Junto com o amigo Roberto Menescal, participou do movimento musical que ficou conhecido como bossa nova, uma música inovadora e ativa com o retorno de um ritmo mais chegado às suas raízes no samba.

Lyra começou a fazer música com um piano de brinquedo, quando tinha apenas sete anos de idade. Em seguida passou para a gaita de boca. Na adolescência, fraturou a perna em um campeonato de salto à distância. O acidente o obrigou a passar em repouso na cama por seis meses. Para passar o tempo, começou a tocar violão aperfeiçoando-se no aprendizado pelo Método Paraguaçu.
Ao receber alta médica, já dominava o instrumento, iniciando estudos nos Colégios Santo Inácio, São Bento, e concluindo o antigo segundo grau no Mallet Soares, em Copacabana, onde conheceu o compositor Roberto Menescal, com quem montou uma Academia de Violão, uma forma de viver profissionalmente da atividade musical. Seus primeiros alunos foram os futuros cantores Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão e Wanda Sá, entre outros mais. Foi nessa época que Lyra decidiu trocar o curso de Arquitetura, pela música, participando da primeira geração da bossa nova ao lado de Ronaldo Boscoli, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.
Em 1956, iniciou a carreira profissional como músico, tocando violão no conjunto do pianista Bené Nunes. Ainda nesse ano, seu samba “Criticando”, precursor de “Influência do jazz”, foi gravado pelo grupo vocal Os Cariocas. Um ano após, começou a compor em parceria com Ronaldo Boscoli. São dessa época as canções” Lobo bobo” e “Se é tarde me perdoa” e também participando, na Sociedade Hebraica de Laranjeiras, de um show cuja apresentação em cartaz dizia: “Hoje, Sylvia Telles, Carlos Lyra e os bossa nova”, expressão utilizada pela primeira vez
para descrever a música do compositor e seus companheiros
primeira canção composta por Carlos Lyra foi “Quando chegares”, em 1954. Também compôs a canção “Quem quiser encontrar o amor” em parceria com Geraldo Vandré, gravada pela cantora Maisa e “Aruanda”. Em 1959 surgem “Maria Ninguém” e “Saudade fez um samba” gravadas por João Gilberto no álbum Chega de Saudade, lançado pela etiqueta Odeon. Em 1960, Lyra gravou seu primeiro disco , “Carlos Lyra bossa nova”, lançado pela etiqueta Philips produzido por Armando Pittigliani, com texto na contracapa escrito por Ary Barroso.
Prolífico compositor, em 1960 escreveu a trilha sonora de “A mais-valia vai acabar, seu Edgard”, peça teatral de Oduvaldo Vianna Filho com direção de Chico de Assis. Na mesma época conheceu Vinícius de Moraes, que se tornaria seu parceiro em inúmeras composições de grande sucesso como “Você e eu”, “Coisa mais linda”, “Primavera” e “Minha namorada”. Depois vieram “Canção que morre no ar” ao lado de Ronaldo Boscoli, musicou “Um americano em Brasília”, pela teatral de Chico de Assis e Nelson Lins e Barros, incluindo as canções “Mister Golden”, “Maria do Maranhão”, “Canção do subdesenvolvido”, “E tão triste dizer adeus” e “Promessas de você”.
Após o golpe militar de 1964, Lyra abandonou a país, só retornando em 1970. Casou-se com a atriz e modelo norte-americana Katherine Lee Riddell (radicada no Brasil como Kate Lyra) na Cidade do México em 1969. O casal teve a única filha, Kay Lyra, cantora popular de formação clássica. Em 2004, seu casamento de 34 anos chegou ao fim. Carlos Lyra em seguida casou-se com a produtora musical Magda Botafogo. Carlos Lyra faleceu na madrugada do dia 16 de dezembro de 2023, aos 90 anos de idade, dois dias após dar entrada em um hospital na Barra da Tijuca, com um quadro de febre. A causa da morte não foi confirmada.
Ícone da bossa nova, Carlos Lyra nos legou centenas de canções imorredouras juntamente com parceiros de altíssima qualidade, gravadas em várias etiquetas e será sempre ouvido por aqueles que têm bom gosto e sensibilidade. Os prezados leitores, podem ouvi-lo no YouTube.

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