Chet Baker nasceu e foi criado em uma família musical. O pai era guitarrista profissional e a mãe pianista talentosa e trabalhava em uma fábrica de perfumes. Na infância, Chet começou a cantar no coro da igreja que frequentava. O pai incentivou-o a tocar trombone e trompete, escolhendo este por ser o trombone demasiado grande. Desde o primeiro contato com o instrumento era visível o talento, desenvolvendo a habilidade e assimilando a teoria musical. Talvez esse detalhe tenha sido decisivo para que ele preferisse tocar “de ouvido”, um hábito que o acompanhou durante toda carreira.
Chet recebeu educação musical em Glendale Junior High School mas, não continuou por muito tempo ao ser convocado para servir o exército dos Estados Unidos, sendo enviado à Berlim (Alemanha) onde se juntou à banda militar. Nesse período, teve a oportunidade de ouvir jazz pela primeira vez, através de programas da Rádio do Exército. Ao retornar à vida civil, começou a estudar teoria musical no El Camino College na Califórnia e em seguida formou o próprio grupo musical.
Com apenas 22 anos de idade, incorporou-se ao quarteto do saxofonista-alto Charlie Parker, saindo em “turnês” pelo país e Canadá. Em 1953, o saxofonista barítono Gerry Mulligan formou seu quarteto sem piano chamado de “Pianoless Jazz”, criando o estilo de jazz que ficou conhecido como “west coast”, um estilo mais calmo, menos frenético e com temas bem elaborados. Chet não tardou em conquistar o sucesso, sendo apontado como um dos melhores trompetistas do gênero e, rapidamente, tornou-se uma estrela no instrumento e também como cantor de voz bela e suave.
Ao deixar o grupo de Gerry Mulligan, conquistou um novo público, agora também como cantor, começou a liderar o próprio quarteto ao se associar com o pianista Russ Freeman, viajando pela American do Norte com enorme sucesso. Após desentendimentos, o quarteto se desfez e Chet seguiu para a Europa, fazendo apresentações em vários países com músicos de alto nível.
A odisseia com drogas começou em 1950, quando foi preso na Itália. Cumprida a pena, retornou à América do Norte continuando a consumir drogas pesadas e envolvendo-se em diversos problemas policiais, até ser preso em Ricker´s Island por porte ilegal de drogas. Um vai-e-vem de viagens à Europa e prisões, que continuariam até sua morte.
Apesar de todos os malefícios do vício, Chet Baker teve uma carreira de grande aceitação de público, um verdadeiro ídolo adorado por adeptos do jazz. Dotado de estrema criatividade, inaugurou um modo de cantar no qual a voz era quase sussurrada, exercendo grande influência em alguns dos grandes nomes da bossa nova no Brasil, como João Gilberto e Carlos Lyra. Para tocar as músicas, apenas pedia o tom. Econômico nas notas musicais, improvisava com sentimento. Valorizava as frases melódicas com notas longas e encorpadas, o que acabou valendo-lhe o rótulo de “cool” (suave).
No ano de 1985, Chet Baker esteve se apresentando no Brasil em duas temporadas. A primeira no “Free Jazz Festival” no Rio de Janeiro. A banda era formada pelo pianista brasileiro Rique Pantoja (com quem Chet já havia gravado um disco dos anos 1980 “Chet Baker & The Boto Brasiliam Quartet”), pelo contra baixista Sizão Machado, o baterista americano Bob Wyatt e o flautista Nicola Stilo. A segunda apresentação em São Paulo, quase entrou para a história do Jazz pela porta dos fundos. Depois do espetáculo, já no seu quarto no Hotel Maksoud Plaza, Chet pegou a mala do médico que o acompanhava e tomou doses cavalares das drogas que estavam sendo administradas para controlar as crises de abstinência. Uma overdose que quase o levou à morte.
Chesney Henry “Chet” Baker, Jr. nasceu na cidade de Yale-Oklahoma no dia 23 de dezembro de 1919 e faleceu a 13 de maio de 1988, ao cair da janela do Hotel Prins Hendrick em Amsterdã-Holanda, aos 58 anos de idade. Até nossos dias, há controvérsias sobre as circunstâncias de sua morte, acidente ou suicídio. O sepultamento deu-se no Inglewood Park Cemetery, em Los Angeles-Califórnia. Chet Baker lutou a vida toda contra o vício, com periódicas internações em hospitais e casas de recuperação, sem ter conseguido superar essa terrível dependência.
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