A música do pianista, compositor e arranjador Duke Ellington é personalíssima e identificável aos primeiros acordes. Para Ellington, seu principal instrumento era a orquestra. Impôs um estilo a todos os seus músicos porém, sem contrariar a personalidade de cada um. Realizou o que podemos chamar de “o milagre da unidade na diversidade”. Um dos mais importantes músicos do século XX com mais de mil temas escritos. Certamente, suas composições serão executadas e ouvidas eternamente por pessoas que têm ouvidos e sensibilidade.

Edward Kennedy “Duke” Ellington, nasceu em uma família de classe média na capital da América do Norte – Washington D.C. (District Columbia ), a 29 de abril de 1899. Quando ainda criança, sua família demons-trava um orgulho racial, assim como outras famílias. Os afro-americanos radicados na capital trabalhavam para proteger seus fi-lhos das leis segregacionistas da época. Aos sete anos começou a estudar piano com a professora Marietta Clinkscales. O apelido “Duke”, recebeu dos amigos, por suas maneiras educadas e elegância ao se vestir. Era um verdadeiro Duque.
Na puberdade, era um pianista de “ragtime”, ritmo muito em voga no começo do século. Em 1922, após organizar um pequeno conjunto musical, partiu para New York City com seus “Whashingtonians”, como era chamado o grupo musical. Algum tempo depois, voltou à Whashington, sem o sucesso esperado, só alcançando-o um ano após, ao ser contratado pelo cabaret “Barron´s” no bairro negro do Harlem.
Em outubro 1926, Ellington fez um acordo contratual com o agente-editor Irving Mills, dando uma participação de 45% nos honorários da banda. Desde o início do relacionamento com Mills, iniciou gravações com várias etiquetas, incluindo a Brunswick, Victor, Columbia, Okeh e Pathé Records. Em setembro de 1927, depois do bandleader King Oliver recusar um contrato de se apresentar no famoso Cotton Club do Harlem, Ellington assumiu seu lugar e começou a se apresentar em shows no dia 4 de dezembro desse ano.
A clientela era formada “exclusivamen-te” pela burguesia branca de New York (uma notória prova de segregação racial). Os Negros só podiam se apresentar no palco em espetáculos que misturavam comédia, números de dança, vaudeville, burlesco, música e “álcool ilícito”. Apesar das limitações, Duke Ellington e sua black band tornaram-se a atração principal. Com shows transmitidos em cadeia pelo rádio, ficou conhecido na área de New York e posteriormente, em todo o país. Com a fama, recebeu convites para se apresentar na Europa e o fez com enorme sucesso.
Durante toda existência da orquestra liderada por Ellington, poucos instrumentistas foram substituídos. Entre os grandes solistas que trabalharam com ele estavam Cootie Williams, Cat Anderson, Ray Nance e Clark Terry, trompetistas, os trombonistas Lawrence Brown e Juan Tizol, saxofonistas da qualidade de Johnny Hodges, Willie Smith, Harry Carney, Paul Gonsalves e Ben Webster, Barney Bigard à clarineta, na ba-teria Sonny Greer e Louis Bellson, Jimmy Blanton ao contrabaixo, entre outros. Como vocalistas, Herb Jeffries e Al Hibbler, as lady-crooners Ivie Anderson e Betty Roché.
O popular tema “Take The “A” Train” (Tome o trem “A”), marcou o ingresso do pianista, compositor e arranjador Billy Strayhorn nos anos 1930 que se transformou no novo prefixo musical. Juntamente com Strayhorn, Ellington comporia antológicos temas. Strayhorn compunha e fazia arranjos exatamente como Duke idealizava sua música e a relação entre ambos poder-se-ia dizer, mágica! Ele era o “Alter ego” musical de Ellington. É preciso destacar a passagem do cantor Al Hibbler pela orquestra, por cerca de 8 anos. Durante esse período gravou belas canções românticas entre 1943 e 1951. Al Hibbler nasceu negro, pobre e cego no dia 16 de agosto de 1915 na cidade de Tyro-Mississippi. Aos 12 anos mudou-se com a família para Little Rock no Arkansas. Ele venceu todos os obstáculos sociais e culturais, tornando-se um excepcional intérprete da grande canção norte-americana do século XX. Albert George Hibbler, belo timbre de baixo-barítono, faleceu após brilhante carreira, inclusive como solista, no dia 24 de abril de 2001, aos 85 anos. Amigo pessoal do reverendo Martin Luther King Jr. Em certa ocasião, foi preso em uma manifestação pública em defesa dos diretos civis do negros norte-americanos. Quem o tirou da cadeia, foi seu amigo, Frank Sinatra, que pagou a fiança.
Duke Ellington, ao longo de mais de 50 anos de atividade, compôs inesquecíveis temas e suítes musicais. Um trabalhador incansável com grande senso de liderança e incontestável carisma. Pai de um filho também músico, Mercer Kennedy Ellington trompetista e bandleader. Por sua destacada trajetória na música popular norte-americana e no jazz, foi agraciado, postumamente, com o Prêmio Pulitzer de música em 1999. Duke Ellington faleceu no dia 04 de maio de 1974, em New York City, aos 75 anos, coberto de glórias e reconhecido como uma das mais expressivas figuras do cenário artístico Norte-Americano do século XX.

Adicione um comentário