Quinta Avenida

Frank  Sinatra – o cantor do século XX (XVII)                  

O encontro musical entre Frank Sinatra e Antônio Carlos Jobim, deu-se em 1967. Desde o início da década, o movimento musical que se tornou conhecido como “bossa nova”, vinha conquistando o público de todo mundo. Acordes inovadores e uma batida cadenciada, que tinha tudo a haver com o jazz, caíram no gosto popular. Na América do Norte a “bossa nova” consolidou-se após o concerto no Carnegie Hall em New York em 1962. A presença de músicos e cantores brasileiros, foi importante fator para que isso acontecesse.

Em meados dessa década, Sinatra interessou-se em gravar temas de autoria de seu mais importante compositor, Tom Jobim. O primeiro contato entre ambos foi numa tarde de dezembro de 1966. Quem conta o que ocorreu, é o jornalista e escritor Ruy Castro no livro “Chega de Saudade” (Companhia das Letras 1990). Tom recebeu um telefonema de Sinatra no bar Veloso em Ipanema, onde estava com amigos. Ele custou a acreditar que o interlocutor era Sinatra convidando-o para um disco juntos. Tom topou na hora!

As gravações do álbum “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”, foram realizadas entre 30 de janeiro e 1º fevereiro de 1967 nos estúdios da Reprise Records em Los Angeles. Os arranjos e condução da orquestra ficaram a cargo do maestro alemão Claus Ogerman, que já havia trabalhado com Tom em 1964 no álbum “The Composer Of Desafinado Plays”.

O resultado comercial da parceria Sinatra-Jobim foi excelente. Sucesso de vendas, só perdendo na época para o álbum dos Beatles “Sargeant Pepper´s”. Por imposição das leis norte-americanas, 10 temas com canções de autoria de Tom e 3 de autores norte-americanos. Em algumas faixas há participações vocais de Tom, além da presença em solos ao violão. “Meditação” (Meditation), “Dindi”, “Garota de Ipanema” (The Girl From Ipanema), “O Amor a Paz” (Once I Loved) e “Inútil Paisagem (If You Never Come To Me), entre outros temas, na voz de Sinatra.

Gravações para um segundo trabalho chegaram a acontecer entre 11 e 13 de fevereiro de 1969. O projeto porém, foi transformado em um álbum com músicas de Jobim e outros autores norte-americanos intitulado “Sinatra And Company” e colocado à venda em 1970. Com arranjos do maestro brasileiro Eumir Deodato, Sinatra interpreta “´Água de Beber” (Drinking Water), “Se todos Fossem Iguais a Você” (Someone To Lights Up My Life). “Samba De Uma Nota Só” (One Note Samba), “Onda” (Wave) e outros temas mais. No lado B, músicas de compositores norte-americanos.

As gravações que não constam do “longplaying”, anos m ais tarde, foram lançadas em um álbum duplo produzido por Roberto Quartin, amigo pessoal de Sinatra, incluindo “Sabiá” e “Manhã de Carnaval”, esta de autoria de Luiz Bomfá. Quartin conhecera o cantor em 1967, quando das primeiras gravações. Na verdade, ele foi o produtor brasileiro que, por imposições legais, não foi citado nos créditos.  Entre eles nasceu forte amizade, a ponto de Sinatra confiar-lhe todo o acervo particular de gravações feitas em estúdios e shows pelo mundo. São mais de 4.500 horas de gravações inéditas entre estúdios e concertos, além de 800 horas de vídeos.

Essas “relíquias”, foram lançadas com consentimento dos herdeiros do cantor, através da etiqueta Artanis (Sinatra ao contrário), figurando Cristina Sinatra, sua filha caçula, como co-produtora. Na discografia de Frank Sinatra, o compositor brasileiro Antônio Carlos Jobim é o único, não norte-americano, a ter sua obra gravada em dois álbuns de “The Voice”.

Quando Tom Jobim completou 60 anos de vida, o amigo Sinatra fez uma declaração pública divulgada pela televisão parabenizando-o: “Antônio Carlos Jobim é uma das pessoas mais inteligentes e criativas que conheci em toda minha vida”. N.B. a discografia “Sinatra-Jobim”, está disponível em compact discs e no YouTube.

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