Jovens com baixa escolaridade e de renda mais baixa são os que mais deixam o mercado de trabalho no Brasil. O assunto foi abordado por pesquisadores do Instituto Brasi-leiro de Economia (FGV Ibre), que analisaram que a taxa de participação, que é a força de trabalho (ocupados mais desocupados) como proporção da população em idade de trabalhar (PIA), voltou a cair depois do terceiro trimestre do ano passado, chegando a 61,3%.
Em fevereiro de 2020, antes da pandemia, a taxa estava em 63,4%. Em setembro de 2022, chegou 62,7% e voltou a cair. Este ano, no trimestre móvel até abril, esteve em 61,4%. Segundo os pesquisadores, a redução na taxa de participação representa menor contingente de pessoas trabalhando ou buscando ocupação e, é um fator negativo para o crescimento do PIB. Há também a questão de que para um mesmo número de pessoas ocupadas, a taxa de desemprego torna-se mais baixa quando cai a taxa de participação. Segundo o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, uma hipótese sobressaída mais intensa dos jovens mais pobres e de baixa escolaridade do mercado de trabalho mais recentemente, de forma especial a partir do final de 2022, pode estar ligada ao grande aumento do valor real do programa Bolsa Família.
Para investigar as causas da queda da taxa de participação no Brasil, os pesquisadores da FGV IBRE fizeram uma análise decompondo o indicador em diferentes faixas etárias, de renda e educacionais. Por faixa etária, os trabalhadores que menos participam do mercado de trabalho são os das faixas extremas, a de menor e a de maior idade.
A taxa de participação sobe das faixas jovens até o pico por parte dos que têm entre 30 e 39 anos e depois volta a cair para as faixas de mais idade. Na análise por renda, como no caso do nível de escolaridade, a taxa de participação aumenta de forma regular da faixa mais baixa até a mais alta.
A maior redução da taxa de participação desde 2012 foram das três menores faixas de renda (zero a R$ 325, R$ 325 a R$ 650 e R$ 650 a R$ 1.300).
No caso das diferentes faixas educacionais, quanto mais escolaridade, maior a taxa de participação, que atinge mais de 80% entre aqueles com nível universitário.
Desde 2012, o grupo que mais reduziu a taxa de participação foi o “sem instrução e fundamental incompleto”, que caiu de 49,8% para 41,2%. Segundo o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, para retomar a taxa de participação da população no mercado de trabalho, o País pode ter que receber investimentos em qualificação e requalificação da mão de obra.