Negócios

Mulheres são proprietárias de apenas 23% das Micro, Pequenas e Médias

Elissa McCarter LaBorde: CEO da Woccu

A CEO da Woccu (Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito), Elissa McCarter LaBorde, participou, direto de Washington D.C (EUA), por meio de videoconferência, do 9º Encontro Nacional de Jornalistas e Formadores de Opinião, em Porto Alegre (RS). Na ocasião, falou aos jornalistas sobre a relação do cooperativismo com o desenvolvimento de Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) e participação feminina.

De acordo com Elissa, 131 milhões ou 41% das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) dos países em desenvolvimento têm necessidades financeiras não atendidas. Além disso, os negócios de propriedade de mulheres compreendem 23% das Micro, Pequenas e Médias Empresas e representam 32% do déficit de financiamento das MPME.

À Folha, Elissa comentou sobre o financiamento para negócios geridos por mulheres, que ainda é um desafio no Brasil e no mundo. Segundo a CEO, há uma série de razões pelas quais o acesso ao financiamento tem sido mais desafiador para as mulheres, mulheres como consumidoras e certamente como proprietárias de empresas.  “Parte disso tem a ver com os padrões de subscrição, onde um certo histórico de crédito e, às vezes, preconceito inconsciente significam que as mulheres são financiadas com um valor menor do que o solicitado. Parte disso vai para como os algoritmos são configurados. Parte disso vai para o acesso a mercados e redes, mercados de exportação e outras áreas que frequentemente vemos como barreiras também no acesso a financiamento”, explica.

Elissa dá um exemplo de uma ação realizada no Senegal, por meio do Woccu. “Desenvolvemos uma estrutura sobre investimento com perspectiva de gênero que apenas analisou os dados e selecionou várias filiais e rastreou as solicitações e aprovações de mulheres em relação a solicitações de empréstimos, aprovações de empréstimos, a quantidade de tempo que levou, os pontos de vista dos gerentes de agência sobre isso. E descobrimos uma série de áreas onde fomos capazes de mostrar taxas de empréstimo, sem fins lucrativos,  perdas, essencialmente inadimplência, eram muito menores para empresas de propriedade de mulheres”, explica.

A CEO também comenta sobre o histórico de empréstimos repetidos às mulheres. “A lealdade das mulheres clientes quando estão recebendo financiamento é muito maior. Portanto, às vezes, basta olhar para seus próprios dados e entender o que está acontecendo em suas carteiras de empréstimos no lado financeiro. Por outro lado, acho que existe esse não apoio financeiro que tem se mostrado tanto uma barreira quanto uma oportunidade para ajudar as mulheres a entender como utilizar melhor o financiamento, como pensar em marketing e planejamento de negócios, como pensar em networking para poder expandir seus negócios e ganhar alguma confiança para pensar de forma mais ambiciosa sobre o crescimento de seus negócios”, diz.

Segundo Elissa, há uma série de fatores relacionados ao motivo pelo qual há uma lacuna de gênero no acesso a financiamento. “Mas, novamente, quando conseguimos aprofundar os dados, vimos que a maioria dos gerentes de negócios perceberá que está perdendo uma oportunidade e uma oportunidade de receita ao não abordar especificamente esse assunto. E isso não significa que haja um produto cor-de-rosa, não é um produto separado, mas é como ele é comunicado e adaptado para ser atraente para as mulheres e a abordagem em torno do crédito, em particular, é o diferencial para aqueles que estão fazendo isso bem”, conclui. 

Elissa McCarter LaBorde fala à Folha do ABC