Em 1942, a música das big bands estava no auge da popularidade. À medida que os militares norte-americanos começaram a partir para terras distantes na segunda guerra mundial , as canções das Big Bands tornaram-se a trilha sonora de uma guerra longa e difícil. Nessa época, poucos artistas eram tão populares no país e no exterior quanto a corporação musical dirigida pelo trombonista e maestro Glenn Miller. Agora, cerca de oitenta e dois anos depois as canções da orquestra ainda são, para muitos, a banda sonora da guerra. É praticamente impossível visitar um museu que cobre a segunda guerra sem ouvir uma das canções populares da banda como “Moonlight Serenade” e “In The Mood”. A música de Glenn Miller foi mais do que apenas entretenimento para os soldados longe de casa.
Depois de encerrar as atividades da orquestra civil, em setembro de 1942. Glenn Miller alistou-se, voluntariamente, nas forças armadas. Vencendo oposições e dificuldades, recebeu o aval do alto comando para concretizar seu projeto, reorganizar uma super-orquestra com aproximadamente 40 componentes para a Army Air Force (Força Aérea do Exército), com o objetivo de entreter os soldados e também elevar o moral dos combatentes; reunindo sob seu comando bons músicos, alguns já convocados para a guerra e conhecidos pela atuação nas melhores Big Bands do país.
Formou-se dessa maneira, a orquestra-sonho dos Estados Unidos da Américas do Norte, com a liderança do Capitão Glenn Miller (depois promovido a Major). Uma formação com 3 trompetes, 4 trombones, 1 trompa (frenchhorn), 6 palhetas (saxofones e clarineta), 4 violas, 2 violoncelos, 15 violinos, piano, guitarra, contrabaixo e bateria, além do conjunto vocal The Crew Chiefs (Os chefes da tripulação) e o cantor Johnny Desmond que, antes da convocação atuava na Big Band do baterista Gene Krupa, cujo verdadeiro none Era Giovanni Alfredo De Simone.
Entre os instrumentistas recrutados estavam: Ray Mc Kinley, baterista requintado que trabalhou na Dorsey Brothers Orchestra ao lado de Miller em meados dos anos 1930. Pianista e arranjador Mel Powell da Big Band de Benny Goodman, guitarrista Carmen Mastrem da banda de Tommy Dorsey, Hank Freeman oriundo da banda de Artie Shaw e seu arranjador da orquestra civil Jerry Gray, ocupando o posto de sargento, entre outros mais, que ficaram estacionados na Universidade de Yale na cidade de New Haven-Connecticut, inicialmente apresentando-se apenas para os cadetes da Força Aérea.
A partir de julho de 1943, a orquestra começou a se apresentar no programa de rádio “I Sustain The Wings” (Eu Sustento as Asas), com transmissões pela rede NBC (National Broadcasting Company), para todo país, até junho de 1944, quando Miller vê concretizado seu desejo de tocar para as tropas estacionadas na Inglaterra. Após 6 dias de viagem no navio Queen Elizabeth, ele e seus homens aportaram na Escócia, indo imediatamente para Londres.
Nos seguintes cinco meses e meio, a banda participou de inúmeros programas de rádio, gravações em estúdio e centenas de apresentações para os soldados. Entre 1943 e 1945, a banda militar participou de aproximadamente 500 programas de rádio e 300 concertos, estes, para uma plateia de cerca de 600.000 soldados em serviço. Um ritmo de trabalho duro e desgastante para todos.
Após a banda instalar-se em Londres, os programas de rádio “I Sustain The Wings” eram transmitidos dos estúdios da BBC (British Broadcasting Corporation) e gravados em V-Discs. Em meados de 1944, os cantores Bing Crosby e Dinah Shore apresentaram-se com a orquestra. Entretanto, muito pouco do que Miller gravou na Inglaterra foi preservado, o que inclui apresentações. Consta que, alguns “fanáticos” admiradores, têm gravações feitas a partir de emissões de rádio em ondas curtas captadas na América do Norte. São verdadeiras relíquias preservadas até hoje. O projeto alcançou seus objetivos e foi além, pois Miller fazia transmissões dialogando em alemão (idioma do inimigo) para que eles compreendessem melhor sua maravilhosa música. No dia 17 de agosto de 1944, seu trabalho foi reconhecido oficialmente, recebendo a patente de Major. Em dezembro de 1944, Paris há havia sido libertada pelas tropas aliadas. Nesse mês a orquestra faria apresentações na cidade, havendo uma série de providências a ser tomadas para o deslocamento de toda orquestra. Ficou decidido que Miller partiria antes para que tudo estivesse em ordem no dia da estreia.
No fatídico dia de 15 de dezembro de 1944, o pequeno avião monomotor Norseman, tendo a bordo o Major Glenn Miller, o Tenente-Coronel Norman Beassel e o piloto Segundo-Tenente Johnny Morgan decolou. A temperatura ambiente era de 2 graus acima de zero e o dia estava encoberto. A partida foi às 2 da tarde com uma fina garoa rumo à Paris. O avião jamais chegou a seu destino e nada foi encontrado, nem ao menos pequenos destroços do aparelho. Desaparecia assim, de maneira trágica, aos 40 anos de idade um dos maiores músicos do século XX, Alton Glenn Miller. Até o término do conflito em maio de 1945, a banda militar, mesmo sem seu líder, fez apresentações e encerrou sua missão. Desapareceu o homem, nasceu o mito!
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