O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, esteve em São Bernardo, na sexta (12), onde participou, na sede do PT municipal, de mais uma etapa da construção do Programa de Governo do deputado estadual e pré-candidato a prefeito de São Bernardo, Luiz Fernando (PT).

“Fizemos 20 reuniões em cada bairro, em cada região da cidade. Não falamos nada, só ouvimos as reclamações, o anseio da população e até os elogios para políticas públicas que a população achasse, eventualmente, que estava indo razoavelmente”, contou Luiz Fernando.

De acordo com o pré-candidato todas as áreas foram debatidas, tais como Cultura, Segurança, Educação, Esportes, entre outras, com o objetivo de criar um Programa de Governo para reconstruir o município. “Temos que recuperar essa cidade porque além do desemprego que vem crescendo violentamente, do empobrecimento em virtude do próprio desemprego e da queda de arrecadação, 12 grandes indústrias deixaram São Bernardo nos últimos oito anos”, revelou.

Renata Chaves, coordenadora do Programa de Governo, frisou que o plano é um referencial importante que vai orientar as ações e implementar políticas públicas para a administração de Luiz Fernando como prefeito, caso seja eleito. Também disse que, assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reconstruído o Brasil, São Bernardo também precisa ser reconstruída. “Assim como o presidente Lula faz reconstrução. Vemos oito anos de desmontes em relação às políticas de segurança alimentar, não existe ação matricial e política efetiva no atual governo”, avaliou.

Já o ministro anunciou que dos 33 milhões de brasileiros que estavam no mapa da fome, 24 milhões já saíram, neste período de 1 ano e sete meses do governo do presidente Lula.  “A obsessão do presidente Lula é de que todo brasileiro se alimente e tenha comida no prato”, ressaltou. “O grande desafio do governo é tirar o Brasil do mapa fome e reeducar. Precisamos de soberania alimentar, o brasileiro se alimenta mal com ultraprocessados”, completou.

De acordo com Paulo Teixeira, dos 213 milhões de brasileiros, 100 milhões se alimentam inadequadamente e isso contribui para o surgimento de doenças. “Os brasileiros se alimentam mal, por isso têm doenças a partir da má alimentação que deixam de comer comida fresca, legume, verdura, fruta, arroz, feijão e passam a comer ultraprocessados, porque o preço é mais barato. Deixam o leite, a fruta, o suco e passam a tomar bebidas açucaradas e, hoje, o número de pessoas que morrem no Brasil em razão de uma má alimentação é muito grande”, contou.

O ministro, ao mencionar o Plano Safra, lançado recentemente, ressaltou que é preciso aumentar a oferta de alimentos saudáveis para a população. “Fazer uma transição de uma agricultura de base química, que utiliza agrotóxicos, para uma agricultura de base biológica, que usa bio insumos e que vai para a agroecologia e que produz produtos que sejam orgânicos. Isso é fundamental. Temos doenças que vêm do uso de agrotóxicos que são perigosos e nocivos à saúde. Os desafios do Plano Safra são: produzir alimentos saudáveis e, também, reeducar o povo brasileiro para comer adequadamente”, observou.

Paulo Teixeira revelou, ainda, que o maior desafio do presidente Lula é melhorar a renda do povo, porém, que, com isso, será necessário aumentar a produção de alimentos. “O que o presidente Lula está fazendo para melhorar a renda do povo, cria capacidade maior de renda, mas cria o desafio de ter mais alimentos. Certamente, esta tensão será permanente. Quanto melhor a renda do povo, mais o povo vai comer e, mais alimentos saudáveis teremos que produzir. Este é o grande desafio nosso”, contou.

Em relação a São Bernardo, frisou que é “importante” que a cidade tenha um mapa da insegurança alimentar: “É preciso saber onde estão os desertos alimentares da cidade”.  Também destacou que é preciso estimular a agricultura urbana familiar, por meio do PAA (Programa Aquisição de Alimentos), que o governo federal já investiu mais de R$ 1 bilhão.

Na próxima semana, Paulo Teixeira contou que estará em Xerém (RJ), junto ao presidente Lula e o cantor Zeca Pagodinho, para o lançamento de um novo programa sobre hortas e cozinhas comunitárias e que, também, poderá ser implementado em São Bernardo. 

À Folha, o ministro contou que, atualmente, São Bernardo não aplica os programas do governo federal em relação a sua área. “São Bernardo terá toda a atenção do governo federal, que aliás os programas estão disponíveis, mas que a atual administração não aplica, nem busca em Brasília, mas que com a nova administração do Fernando e do Dib, todos os programas serão implementados em São Bernardo”, disse.

DISPUTA ELEITORAL E POLARIZAÇÃO

O tom de disputa eleitoral esteve presente em todos os discursos. O pré-candidato Luiz Fernando disse que só existem “dois lados” entre os atuais quatro pré-candidatos a prefeito de São Bernardo.

“Temos dois lados nesta eleição, não são quatro candidaturas. São duas candidaturas. De um lado se dividiram em três, porque um é o prefeito que lançou a sua sobrinha para a sucessão, há também o vice-prefeito e o deputado federal que, na última eleição, desistiu de concorrer e apoiou o atual prefeito. Portanto, temos dois lados”, disse.

William Dib, pré-candidato a vice, em sintonia com Luiz Fernando, também avaliou que os adversários de urna têm ligação política e que representam a extrema direita. “A extrema direita nesta cidade é representada por todos os nossos adversários. Eles têm uma coincidência, um apoia o outro, um negocia com o outro, um troca secretaria com o outro, um é vice do outro e assim por diante. Para não dizer que eles são sócios, vou dizer que eles fazem um pacto de poder. Eles têm um projeto de poder de manter o poder, até lançando uma sobrinha, que é o escândalo do escândalo, é um escárnio para a população de São Bernardo”, disse.

A polarização política também esteve presente nos pronunciamentos. O deputado estadual, Teonílio Barba (PT), revelou que as candidaturas petistas em São Bernardo e em todos os municípios do ABC precisam derrotar a extrema direita. “Em São Bernardo, em Santo André e em todo o ABC. É uma disputa, preparando e pavimentando o caminho para que em 2026 a gente continue a dirigir o país e derrotar o projeto da extrema direita, como foi derrotado na França e na Inglaterra”, disse.

Dib ainda enfatizou: “O que a extrema direita tem em comum é o desprezo pela vida humana, aos pobres, ao trabalhador mais humilde, o desprezo pela saúde, pela educação. Governar para eles é pintar o viaduto, fazer quadra, asfalto, fazer negócios, vender terrenos, isso é governar em São Bernardo”.

Já o ministro destacou que o Brasil vive o “tempo da civilidade e a barbárie” e encerrou dizendo: “digam ao povo do caviar, que quem vai ganhar a eleição em São Bernardo é o povo da mortadela”.