Quinta Avenida

A música do compositor Cartola

Angenor de Oliveira, mais conhecido por Cartola, foi um cantor, compositor, poeta e violonista brasileiro. Considerado por diversos músicos e críticos musicais como o maior sambista da história da música popular brasileira. Seus principais sucessos incluem os temas “As Rosas Não Falam”, “O Mundo É Um Moinho” e ”Alvorada”. Ele foi um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.

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Cartola nasceu no dia 11 de outubro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Catete. Era o mais velho de oito filhos do casal Sebastião de Oliveira e Aida Gomes de Oliveira. Apesar de ter recebido o nome de Agenor, foi registrado com Angenor, fato descoberto muitos anos mais tarde, ao tratar dos papeis de seu casamento com Dona Zica (Eusébia Silva do Nascimento) na década de 1960. Para não ter de providenciar a mudança em cartório, a partir de então, passou a assinar oficialmente Angenor de Oliveira.
t Aos oito anos de idade, a família mudou-se para o bairro das Laranjeiras, tornando-se torcedor do time de futebol Fluminense Football Club, entrando em contato com os ranchos carnavalescos “União da Aliança” e “Arrepiados”, tocando cavaquinho neste último que, mais tarde, ao participar da fundação da Mangueira, sugeriu que as cores da escola fossem “o verde e rosa”, passando a ser o símbolo dos mais reverenciados no mundo do samba.
Em 1919, movidos por dificuldades financeiras, os Oliveira mudaram-se para o morro da Mangueira, onde começava a despontar uma incipiente “favela”. Logo, outro morador da Mangueira, Carlos Cachaça (Carlos Moreira de Castro), seis anos mais velho do que Cartola, se tornaria, além de amigo por toda a vida, o seu parceiro mais constante em dezenas de imortais sambas.
t Aos 15 anos, abandonou os estudos (tinha concluído apenas o quarto ano primário), ao mesmo tempo em que se inclinava para a vida boêmia. Na adolescência, trabalhou como aprendiz de tipógrafo e pedreiro. Foi enquanto trabalhava nas obras de construção que recebeu o apelido de “Cartola”. Para que o cimento não lhe caísse sobre os cabelos, resolveu usar um chapéu-coco que, os companheiros de trabalho, di-ziam parecer mais como uma cartolinha, começou a ser chamado de Cartola.
À época, exercia a atividade de pedreiro, apenas esporadicamente, preferindo assumir o ofício de compositor e violonista nos bares e tendas locais. Já reconhecido como um dos maiores criadores do morro, ao lado do grande amigo Carlos Cachaça. Com outros compositores em 1925, Cartola integrava uma turma de sambistas conhecidos como “Bloco dos Arengueiros” para brincar no carnaval. Esse bloco seria o embrião da Estação Primeira de Mangueira, fundada no dia 28 de abril de 1928, tornando-se uma das mais tradicionais da história do carnaval carioca.
Já conhecido e respeitado como grande compositor, começou a aparecer em programas de rádio como cantor, apresentando suas músicas e também de outros compositores. Em 1941 formou, junto com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres, o “Conjunto Carioca”, com apresentações na Rádio Cosmos de São Paulo. Em 1942 o samba “Não Posso Viver Sem Você” em parceria com Alcebíades Barcellos, foi lançado no famoso disco “Ai Que Saudades da Amélia” de Ataulfo Alves e Mário Lago. Com a nova direção da Estação Primeira de Mangueira, que Cartola não aprovava, o sambista abandonou a escola. Por um período de 7 anos, andou desaparecido dos seus amigos e conhecidos. Fora do ambiente musical, muitos pensavam que tinha morrido. Cartola vivia uma vida difícil, morava em uma favela no bairro do Caju e fazendo trabalhos modestos como lavador de carros e vigia de edifícios. Porém, a entrada em cena de uma nova e definitiva mulher, mudou suas condições de penúria. Com Zica, Cartola viveria até o fim de seus dias.
Em 1957, trabalhava como vigia e lavador dos carros de um edifício em Ipanema. Nessa função, foi identificado em uma madrugada pelo jornalista Sérgio Porto, (conhecido como Stanislaw Ponte Preta). Ao ver o compositor magro e maltrapilho em um macacão molhado, decidiu ajudá-lo, começando por divulgar a redescoberta que fizera do sambista. Àquela altura, Cartola era dado como desaparecido ou mesmo morto. O reencontro com o jornalista foi definitivo para a retomada da carreira como músico.
t Prolífico compositor, Cartola compôs centenas de imortais sambas com parceiros como: Carlos Cachaça, Elton Medeiros, Roberto Nascimento, Dalmo Casteli e Hermínio Bello de Carvalho, entre outros mais. Somente em 1974, aos 66 anos de idade, gravou seu primeiro long-play nos estúdios da Discos Marcos Pereira, intitulado “Cartola”, com os sambas “As Rosas Não Falam”, “Acontece”, “Tive Si”, “Corra e Olhe o Sol”, “Sim”, “O Sol Nascerá”, “Alvorada”, Festa da Vida”, “Quem Me Vê Sorrindo”, “O Mundo É Um Moinho” e outros temas mais.
Angenor de Oliveira (Cartola) faleceu no dia 30 de novembro de 1980, aos 72 anos de idade, coberto de glória e reconhecido como uma personalidade da música popular brasileira em todos os tempos.

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