A tradição musical italiana do canto lírico e pelas canções românticas populares estão inseridas na cultura do país. Tenores como Enrico Caruso, Beniamino Gigli, Mário Del Monaco, Giuseppe Di Stefano e Tito Schipa lotavam o Teatro Scalla de Milão em seus recitais. Óperas como Aida, La Bohème, Tosca, Madame Butterfly, Turandot, Rigolleto, L´Elisir D`Amore, Um Ballo in Maschera e La Traviata, eram encenadas anos afio com enorme presença de público.

Um dos tenores líricos mais populares, sem dúvida, foi Luciano Pavarotti, conhecido mundialmente por suas apresentações públicas, inclusive no Brasil. Nascido na cidade de Módena a 06 de setembro de 1935, grande intérprete das obras dos compositores como Giuseppe Verdi e Gaetano Donizetti. Pavarotti começou a carreira em 1961 na Itália, com uma performance internacional na cidade de Belgrado, na Sérvia (então Iugoslávia), interpretando árias da ópera La Traviatta (A transviada) de autoria de Giuseppe Verdi. Continuou em apresentações de recitais nas cidades de Viena, Londres, Ancara, Budapeste, Barcelona e Rio de Janeiro. O então jovem tenor tornou-se mais conhecido em uma turnê australiana ao lado da renomada soprano Joan Sutherland em 1965.
Na infância, Pavarotti vivia em uma família humilde. Seu pai, Fernando Pavarotti era padeiro e um tenor amador, a mãe Adele Venturi, funcionária em uma fábrica de cigarros, vivendo em um pequeno apartamento de dois quartos. A segunda guerra mundial (1939-1945), forçou a família a mudar-se de cidade em 1943. Ele alimentava o desejo de ser goleiro de um time de futebol, abandonando a ideia ao iniciar estudos de música e treinamentos vocais. As primeiras influências musicais vieram das gravações que o pai colecionava dos cantores Beniamino Gigli, Giavanni Martilli, Tito Schipa e Enrico Caruso. O tenor favorito e ídolo de Pavarotti era Giuseppe Di Stefano e também admirava o tenor ítalo-americano Mario Lanza. Paralelamente ao canto, também formou-se professor, lecionando em uma escola primária por algum tempo antes de optar definitivamente pelo canto lírico.
Em 1954, aos 19 anos de idade, teve aulas com Arrigo Pola, respeitado professor e tenor profissional em Modena, oferecendo-lhe aulas sem remuneração. Posteriormente cantou pela primeira vez com sucesso quando era membro do Corale Rossini, um grupo musical masculino no qual o pai também fazia parte. Segundo ele, essa foi a experiência mais importante de sua vida e que o inspirou a ser, definitivamente, um cantor profissional.
O grande salto para tornar o cantor lírico conhecido e admirado em todo mundo, foi quando juntou-se aos tenores espanhóis José Carreras e Placido Domingo, com o primeiro concerto dos “Três Tenores” acontecido no encerramento da Copa do Mundo de 1990, em Roma, com a condução da grande orquestra dirigida pelo maestro Zubin Meta, tornando-se a gravação desse espetáculo a mais vendida da história.
Luciano Pavarotti esteve 7 vezes se apresentando no Brasil. A primeira em 1979, realizando dois recitais, um no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e outro no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo. Voltou em 1991, no estádio do Pacaembu, para um público de 40.000 pessoas em uma noite chuvosa. A última vez foi em 2000, com uma apresentação dos Três Tenores, no Estádio do Morumbi. Em 2007, em Minas Gerais, a apresentação foi cancelada devido a problemas de saúde de Pavarotti.
A discografia de Pavarotti transita dos clássicos eruditos às canções populares italianas e as interpretadas no dialeto napolitano, coletâneas de canções dos grandes nomes da música mundial de várias óperas em que atuou, álbuns “ao vivo” de alguns concertos ao longo da carreira e ídolos da cultura pop.
Durante a turnê de despedida em julho 2006, Pavarotti foi diagnosticado com câncer pancreático. Ele lutou contra as implicações desse diagnóstico e submetido a uma cirurgia, sem resultado. Em uma quinta-feira, a 06 de setembro de 2007, aos 71 anos de idade, faleceu na cidade onde nasceu, Modena. Ele casou-se duas vezes. A primeira com Adua Veroni em 1961. A segunda esposa Nicoletta Mantovani, em 2003, sua secretária particular. O relacionamento com Nicoletta começou em 1994. Nas duas uniões, foi de pai de 3 filhas do primeiro casamento, Lorenza, Cristina e Giuliana e 1 filha do segundo Alícia. Luciano Pavarotti está colocado como um dos imortais tenores-líricos italianos de todos os tempos.

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