09/06/2012

Toda última quarta feira do mês, como eu já contei anteriormente para vocês, nos reunimos na Casa da Memória em São Bernardo.
Um setor da prefeitura municipal em que estão sendo resgatadas as raízes da cidade.
No mês de abril nossa reunião foi sobre como era música na cidade. Foram relembradas as primeiras bandas, os saraus e professores dessa arte que tanto nos envolve. Estavam presentes maestros de banda, tocadores de violão, e para nossa surpresa o vice prefeito da cidade, Frank Aguiar, que compareceu também com seu violão tocando e cantando acompanhado pelos participantes. Foi muito bem lembrada a Fábrica de Discos Odeon, que marcou uma época na cidade, trazendo para cá os velhos cantores daquela época.
Aproveitamos para lembrar ao vice prefeito que muitas vezes os pais colocam seus filhos para estudarem música, seja um violão, piano, violino, etc. e que sem terem o dom para a divina arte, depois de um certo tempo, essas crianças desistem. Entretanto temos visto na mídia pequenos com pouca instrução, dos cantos mais remotos do país, e que com um pouco de orientação para a música se tornam verdadeiros virtuoses nos mais diferentes instrumentos. Que seria muito bom se nosso município investisse nesse setor, tirando assim muitos jovens das ruas e do vício.
No mês de maio levantamos as lembranças do comércio nos velhos tempos da cidade. Pessoas de mais idade do que eu (põe idade nisso) foram,  metro por metro da Rua Marechal Deodoro, recordando as casas de secos e molhados, nossos antigos armazéns, as lojas de armarinhos, o moinho de fubá, as padarias, os restaurantes, o famoso Bar Marabá, as primeiras lojas de eletro domésticos já com os pagamentos divididos mês a mês, dependendo da possibilidade financeira de cada freguês, As cadernetas, que a grande maioria do povo falava "cardeneta", onde as compras eram anotadas e só pagas quando os clientes recebiam seus ordenados, quase sempre no dia dez de cada mês.
E as sorveterias? Já existiam antes mesmo das geladeiras.
Não vou citar nomes aqui a não ser o do Marotti que além de ter uma memória excepcional (assim como outros) nos lembrou alguns casos que irei contando aos poucos em outras crônicas. Ele então contou que com 12 anos de idades já sabia fazer um terno. Trabalhava na alfaiataria do Macedo, que ficava aí pela frente onde hoje é o Shopping do Coração. Os donos da Casa de Armarinhos Regina, Sr. Jorge e o filho Romildo Fanani precisavam de ternos para as festas de dezembro. Naquela época todos os homens andavam normalmente vestidos assim. Cinema? Só era permitida a entrada deles trajados socialmente. O Macedo disse que sem condições. Sendo o único alfaiate da cidade, só poderia pegar encomendas para o mês de fevereiro. Perguntaram se o Marotti tinha condições de fazer. Ele então se atirou dizendo que sim. Após o fim do expediente ele cortou e confeccionou seus primeiros ternos.
Nos dias de hoje os jovens só têm autorização de trabalhar após seus 16 anos. Quase totalmente despreparados para a vida. Eram bons tempos...
Para finalizar, após outras tantas lembranças, temos que lembrar do Bar Expresso, na esquina da Marechal com a Dr. Flaquer. Ponto de encontro dos moradores da cidade, de empresários, de doutores, de políticos e de todos os jovens que aí ficavam tomando seu cafezinho e vendo as moças da cidade passarem e arriscarem uma olhadinha para eles. Era a ida para comprar o pão na Padaria Brasil no fim da tarde ou a saída delas dos colégios, quando retornavam a pé para suas casas.
Assuntos que não têm fim...
Um abraço, Didi

Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo - e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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