11 May 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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30/06/2012

Todos os meses estarei relatando o sucedido em nossa reunião mensal na Casa da Memória.
Como sempre, nos reunimos na última quarta feira do mês. Nesta última nosso tema foi sobre a educação e as escolas de ensino da nossa cidade.
Tivemos um grande número de amigos presente que foram relatando onde estudaram e coisas interessantes que aconteceram enquanto cursavam suas escolas.
A maioria começou no Grupo Escolar de São Bernardo. Passaram para o Colégio São José quando "os cupins comeram a madeira do teto e da escadaria", do grande casarão, antiga casa de fazenda, sendo então a escola interditada uma vez que se tornou um perigo para as crianças e professores (eu fui uma delas). Nesse tempo o primário do Colégio São José tinha o nome de Ítalo Setti, em homenagem ao italiano que havia doado o terreno da rua Dr. Flaquer  onde as freiras construírem a nova escola que anteriormente era na rua Carlo Del Prete, onde desde 1966  é a Escola Terra Mater.
Muitas crianças e jovens continuaram seus estudos na Escola Dona Leonor Mendes de Barros, (que também funcionou no prédio da Carlo Del Prete), pois o São José só aceitava meninas no ginásio. Os rapazes e moças que faziam o Dona Leonor davam continuidade ao colegial, tornando-se técnicos contadores. O São José formava as professoras, as lindas normalistas do passado.
Aí pelos anos de 1950, foi inaugurado o Colégio João Ramalho, com um ensino muito superior as outras escolas, com professores vindos da "capital", levando muitos jovens a se transferirem para lá (inclusive eu).
As pessoas presentes na reunião levaram documentos e fotos desse nosso passado. Foram contadas histórias, relembrados os nomes dos mestres, alguns muito amados, outros odiados... Principalmente aqueles que fizeram alguém repetir o ano, como disse uma senhora... Por meio ponto!
Um senhor de Rudge Ramos então se lembrou de como era duro estudar 60 e poucos anos atrás. Que ele não tinha uniforme, assim sua mãe fazia as calças com pano de saco e as tingia de azul marinho com a tinta Guarany. Mas tinham que torcer para não cair uma chuva, pois quando isso acontecia as pernas ficavam todas tingidas de azul. Que cadernos, nem sempre podiam comprar. Sua mãe então guardava o papel pardo que embrulhava o pão, cortava-o em pedaços do tamanho das folhas do caderno e costurava na máquina. Que as canetas eram aquelas chamadas "caneta de pena" (de metal), que quando sua ponta se abria já rasgava todo o papel. Que as carteiras eram com os assentos móveis e que tinham na parte superior as vasilhinhas encaixadas, pequenos dedais de vidro, com a tinta azul para serem usadas nas aulas. Tempos difíceis...
Lembramos de como foi adquirida a primeira fanfarra das meninas do São José. Fizemos um Livro de Ouro e percorremos as fábricas de móveis pedindo aos empresários doações. Fomos de ônibus com as freiras ao Instituto Padre Chico, em São Paulo, comprar os instrumentos. Os rapazes do Tiro de Guerra foram nossos instrutores. No dia 7 de setembro de 1952, pela primeira vez as meninas apresentaram sua fanfarra nos desfiles da Marechal Deodoro.
No Colégio João Ramalho as jovens que jogavam Volley Ball, foram convidadas para jogar no Esporte Clube São Bernardo e um grupo delas formou a primeira seleção do esporte na cidade. Também formamos um grupo de moças que jogavam futebol (muito mal) e íamos ao campo do Esporte para praticar a troca de bolas. Isso não durou muito.
Todos os dias 7 de setembro escolas convidadas pelo estado se apresentavam fazendo ginástica no Estádio do Pacaembu. O João Ramalho aceitou o convite. Uma jovem era escolhida para ser a guia, tendo que ir à capital para aprender a sequência dos movimentos. Nossa amiga Laise, hoje professora de Yoga foi a nossa representante. Ao redor do campo foram erguidos patamares onde as guias se posicionavam. O campo todo demarcado para que cada jovem se posicionasse. Todas vestidas de branco com pequenas saias sobre os shorts. Foi uma festa maravilhosa para quem assistiu e para nós, que participamos disso tudo.
Muito mais histórias poderiam ser contadas aqui. Para os que participaram, temos a certeza que essas recordações foram muito gratificantes.
Um abraço, Didi

Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo - e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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